Câncer com dignidade

Um dos principais centros públicos de tratamento contra o câncer em São Paulo, o Instituto Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho atravessa fase crítica.

Reportagem do Agora revelou que os pacientes sofrem com a demora para agendar consultas e exames.

Em algumas situações, a espera para ser atendido chega a seis meses.

Dada a gravidade e os riscos da doença, é natural que o paciente com câncer receba cuidados o mais rápido possível. A lei, inclusive, determina que o primeiro atendimento no SUS ocorra em até 60 dias após confirmado o diagnóstico.

Mas não é o que vem acontecendo no Instituto Dr. Arnaldo. Alguns relatos são dramáticos, como o de um aposentado que retirou um tumor do intestino. Consultas e exames atrasaram, e o médico chegou a dizer que o prazo para começar a quimioterapia venceu e que o tratamento não faria mais efeito.

O centro oncológico, que atende apenas os doentes do SUS e recebe verbas dos governos municipal, estadual e federal, enfrenta falta de grana desde 2017. Na época, o instituto teve de dispensar pacientes encaminhados pela prefeitura. Até mesmo um andar do prédio, no centro da capital, foi desativado.

Governo do estado e Ministério da Saúde dizem que fazem os repasses de verbas --e a prefeitura promete resolver os casos levantados pelo Agora. Já o instituto nem sequer se pronunciou.

A vida de um paciente com câncer vira um turbilhão durante o tratamento. É doloroso, debilita e envolve duras questões físicas, psicológicas e emocionais.

Por isso, é obrigação do sistema público de saúde oferecer condições básicas para que seja possível, no mínimo, enfrentar a doença com dignidade.

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