Na campanha eleitoral, o hoje presidente Jair Bolsonaro (PSL) prometia liberar do Imposto de Renda os contribuintes que recebem até cinco salários mínimos —o que dá, em valores atuais, R$ 4.990 por mês. Quando a esmola é demais, o santo desconfia.
A turma da economia em Brasília não quer saber dessa história. Afinal, falta grana para tudo, e a medida faria cair muito a arrecadação. Para se ter uma ideia, o salário médio dos empregados no país é de pouco mais de R$ 2.000. Imagine quanta gente deixaria de pagar IR com a nova faixa de isenção.
Mas é fato que o governo Bolsonaro está preparando mudanças no imposto, ainda a serem explicadas direito. Por enquanto, a conversa está bem esquisita.
Sobre a faixa de isenção, o Ministério da Economia fala apenas em corrigir pela inflação. Seria bom esclarecer que inflação é essa, porque a tabela vem acumulando defasagens há mais de 20 anos.
Outra história é baixar as alíquotas para todo mundo. Mas, para fazer essa bondade, seria necessário compensar com o fim das deduções de gastos com saúde e educação na declaração anual. Aí precisa fazer as contas para ver como fica.
Inventar moda nesse assunto não é boa ideia. O Imposto de Renda não arrecada grande coisa no Brasil porque os contribuintes mais ricos pagam pouco. A alíquota mais alta é de 27,5%, enquanto a maioria dos países cobra até 35% —ou mais. Se está precisando de grana, o governo poderia tomar essa providência.
Claro que uma proposta como essa enfrentaria muita dificuldade no Congresso, onde os parlamentares seriam diretamente afetados. Pior ainda vai ser se insistirem nessa ideia de jerico de ressuscitar a velha CPMF.
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