O prefeito Bruno Covas (PSDB) pelo jeito resolveu apertar o cerco contra um problema histórico: as calçadas paulistanas, mais conhecidas pelos seus buracos, desníveis e obstáculos. Algumas delas são tão estreitas que os pedestres mal conseguem atravessar.
Em uma ladeira no Campo Grande (zona sul), 21 donos de imóveis foram autuados porque os passeios foram construídos com degraus —a prefeitura quer que sejam substituídos por rampas. Quem não fizer as obras até outubro, no máximo, poderá levar multa de até R$ 4.000.
De fato, circular pelas calçadas da rua Antônio Rosa Machado pode ser perigoso, principalmente para crianças, idosos e pessoas com dificuldade de locomoção.
Os moradores chiaram. Lembram que a via “é assim há 50 anos”. Muitos também reclamam do prazo curto: em alguns casos, será necessário reformar a garagem e a entrada da casa. Há gente que até levantou muretas para evitar que a água da chuva invada o quintal.
A administração municipal, porém, está irredutível. Diz que está agindo dentro da lei e que o prazo não será prorrogado. E, se o passeio for readequado, a cobrança da multa será cancelada.
Especialistas em urbanismo reforçam que cabe aos moradores zelar pelas calçadas. Apesar de a prefeitura ter razão em cobrar, talvez tenha faltado mais conversa e tempo para os proprietários cuidarem das adaptações.
Ao longo de sua história, a cidade projetou ruas e avenidas para atender os carros. As calçadas ficaram em segundo plano. Essa é uma visão ultrapassada, e já passou da hora de mudar. Nas grandes metrópoles do mundo, a prioridade máxima é o pedestre. Em São Paulo, não pode ser diferente. Esse é o caminho.
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