A Venezuela atual é um triste exemplo de como uma nação pode se afundar rapidamente. De 2014 para cá, a economia encolheu 60%. A inflação anual bate os 10 milhões por cento: para se ter uma ideia, os preços dobram a cada 22 dias.
O pesadelo não para por aí. Doenças como difteria se espalham, pacientes morrem nos hospitais por falta de luz e não há remédios. Pobres desnutridos passam horas em filas para receber alimento. Meninas se prostituem por comida, e a gravidez precoce disparou. Quatro milhões de venezuelanos --quase 15% da população-- já fugiram do país.
Quem se opõe ao governo costuma se dar mal. Adversários são presos às centenas, impedidos de disputar eleições, exilados e, suspeita-se, torturados.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ditador Nicolás Maduro, como era de se esperar, negou a realidade. Disse que tudo não passa de um complô estrangeiro, sob ordens dos EUA, para destruir as conquistas da "revolução". Maduro é herdeiro de Hugo Chávez, num regime que já completou 20 anos no poder. Morto em 2013, Chávez também culpava os gringos pelo sofrimento do povo.
Em uma provocação ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), Maduro disse que a oposição venezuelana é "pior do que o Bolsonaro, à direita" dele. A diferença clara, aqui, é que o brasileiro foi eleito democraticamente num processo legítimo.
O ditador vizinho parece brincar com suas vítimas. Líderes autoritários, à esquerda ou à direita, distorcem a realidade para apontar maravilhas onde só há desgraças. Pregam para fanáticos.
Boa parte da esquerda sul-americana já entendeu isso e o abandonou. No Brasil, porém, o PT é um aliado de todas as horas. Maduro deve estar contente.
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