Até a próxima anistia

Câmara aprova lei para perdoar devedores

Vale a pena o contribuinte seguir todas as regras, pagar as taxas e cumprir a burocracia na hora de reformar ou ampliar o seu imóvel? A Câmara Municipal de São Paulo mostrou aos paulistanos, mais uma vez, que não.

Plenário da Câmara Municipal de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Os vereadores aprovaram nesta semana lei que poderá anistiar até 750 mil construções irregulares na capital.

Em 600 mil casos, de edificações que eram isentas de IPTU até 2014, a aprovação será automática. Esses contribuintes não precisarão arcar com taxas nem apresentar documentos. Tampouco pagarão impostos retroativos por causa das obras e da área construída a mais. Os outros 150 mil imóveis serão regularizados por outras modalidades.

Para a prefeitura, a anistia traz vantagens óbvias. Além de se livrar de parte do trabalho que seria analisar todas essas construções, passará a arrecadar IPTU sobre as novas áreas.

E, claro, o perdão também pode trazer vantagens eleitorais num momento em que prefeito e vereadores já estão de olho no pleito municipal de 2020.

Fica a dúvida se alguém pensou naquele contribuinte que reformou ou construiu a sua casa com tudo nos conformes, submetendo o projeto à prefeitura, obtendo os alvarás e pagando taxas e impostos nesses anos todos.

O recado que fica para o cidadão é que a melhor tática é esperar o próximo perdão. Afinal, entre 1982 e 2004, 13 leis semelhantes foram aprovadas.

A cidade já sofre o bastante com ocupação desenfreada e construções irregulares, que ameaçam a segurança das pessoas. Não é razoável que o poder público premie quem ignora as regras. Anistias deveriam prever, ao menos, alguma multa ou pagamento retroativo.

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