Parece que o governo enfim desistiu da péssima ideia de ressuscitar a CPMF —como se o Brasil precisasse de mais um tributo. São tantos no país que nem existe um cálculo preciso: para ficar só nos casos mais conhecidos, são 14 impostos e 35 tipos diferentes de contribuições sociais e econômicas.
Como todo mundo sabe, a conta para os contribuintes é salgada. Em média, cada brasileiro entrega um terço da sua grana para bancar o governo federal, os estados e as prefeituras.
Essa média, porém, esconde várias injustiças da cobrança de impostos no país. A maior delas é que quase metade da arrecadação vem de tributos disfarçados nos preços dos produtos e dos serviços.
Muita gente não sabe, mas paga ICMS, PIS, Cofins, IPI e ISS todos os dias, ao fazer compras no mercado, ao tomar um ônibus ou pagar o plano de saúde.
A taxação do consumo no Brasil é uma das mais altas do mundo. Só ela leva uns 16% do dinheiro dos contribuintes. Mas o pior é que os mais pobres saem perdendo: como o imposto é o mesmo em cada mercadoria, o sacrifício para quem ganha menos acaba sendo maior.
Num sistema justo, quem tem mais deve contribuir com uma parcela maior do salário ou do lucro. É o que acontece, por exemplo, no Imposto de Renda.
O país poderia arrecadar mais com o IR, porque a alíquota máxima de 27,5% não é grande coisa. Em boa parte dos outros países, incluindo vizinhos, a mordida nos mais ricos vai a 35% ou mais.
Não dá para imaginar que os tributos vão baixar, porque o governo está na pindaíba. Mas pelo menos seria possível simplificar as coisas —reduzindo o número de tributos— e distribuir melhor a conta entre os contribuintes.
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