Uma boa notícia: o número de assassinatos no Brasil caiu pela primeira vez desde 2015. Em 2018, houve 57,3 mil ocorrências, ante 64 mil no ano anterior. A queda foi de 10%, portanto.
Agora, a média nacional foi para 27,5 mortes a cada 100 mil habitantes (eram 30,8/100 mil em 2017). Ainda estamos à frente de países violentos como Colômbia e México, mas longe dos 60/100 mil da Venezuela e de El Salvador.
Os dados são do 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que reúne informações sobre homicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de mortes e mortes cometidas por policiais.
Por outro lado, o estudo aponta que a polícia anda matando mais. No ano passado, foram 6.220 casos de pessoas mortas por policiais —uma alta de 20% em relação a 2017 (5.179 registros).
Sabe-se que as variações nessas estatísticas raramente acontecem por um único motivo. Mas muita gente ainda acha que há menos crimes violentos quando a polícia é mais truculenta.
Essa relação, porém, não se sustenta. Em São Paulo, 20% das mortes violentas ocorrem em ações policiais, e o estado tem a menor taxa de assassinatos do país, com 9,5 a cada 100 mil.
O exemplo contrário é o Rio de Janeiro. Lá, a polícia também mata muito (22,8% das mortes violentas), mas o estado exibe uma taxa de 39,1 mortos por 100 mil, muito acima da média nacional.
Dá para perceber, portanto, que são muitos os fatores que influenciam a redução das mortes violentas. Antes de encampar a tese de que “bandido bom é bandido morto”, cabe à polícia investir em inteligência, prevenção e parcerias. A morte de um suspeito só deve ocorrer quando realmente não há outra saída.
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