Só faltava essa: há gente na administração federal dizendo que até a restituição do Imposto de Renda está ameaçada pela falta de grana.
É difícil imaginar que isso venha a acontecer, porque se trata de um direito básico do contribuinte que pagou além do obrigatório. Parece mais provável que o governo dê algum jeito, remanejando dinheiro de outro lugar.
Mas ninguém vai negar que a situação esteja perto do limite. Em 2016 foi fixado um teto para o gasto federal, que não pode subir acima da inflação. Pois hoje o gasto está até abaixo do teto, porque a arrecadação ficou abaixo do previsto.
A verba para obras anda tão pouca que não basta nem para bancar a manutenção do que já foi feito. Assim, aumentam os riscos de buracos em estradas e acidentes com pontes e viadutos. Na maioria dos estados e municípios, ricos e pobres, a condição é igual ou parecida.
Quase todo o Orçamento vai para Previdência, salários de servidores e benefícios sociais (BPC, seguro-desemprego, Bolsa Família e outros). Como os servidores têm estabilidade e o dinheiro das aposentadorias é sagrado, o governo vai se apertando como pode.
Contratações e reajustes salariais, pelo jeito, serão coisa rara nos próximos anos —embora o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tenha proposto aumento para os militares. O salário mínimo também não deve subir acima da inflação tão cedo.
Nessa pindaíba, é preciso cortar com justiça. Educação básica e saúde pública precisam ser preservadas tanto quanto possível. Supersalários e outros privilégios, também no Judiciário e no Legislativo, devem ser combatidos.
O que não dá é para empurrar a conta para o contribuinte mais uma vez.
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