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Bola dividida

Projeto de lei prevê incentivo para que clubes se transformem em empresas

Um projeto de lei que está sendo elaborado na Câmara dos Deputados prevê incentivos para que os clubes de futebol se transformem em empresas.

Jogadores de Corinthians e Palmeiras disputam a bola na Arena, em Itaquera (zona leste) - Eduardo Anizelli/Folhapress

A atual legislação já permite isso, mas faltam estímulos —leia-se grana— para que os clubes resolvam embarcar. Como são associações sem fins lucrativos, eles não pagam alguns tributos. Estão livres, por exemplo, de Cofins e PIS, além de terem obtido na Justiça o direito de não pagar Imposto de Renda.

Como qualquer torcedor sabe, essas mordomias favorecem uma gestão amadora ou semiprofissional, algo recorrente no futebol brasileiro. Esses clubes têm estatutos internos, diretores e conselheiros nem sempre comprometidos com uma boa administração. São famosos os de casos de má gestão, desvios de dinheiro e toda a sorte de trambiques.

Não é à toa que boa parte das agremiações acumula dívidas milionárias, principalmente trabalhistas e fiscais. Já houve, inclusive, dois processos de refinanciamento —o mais recente, em 2015, foi descumprido por alguns clubes.

Não é um caminho fácil. Empresas são sustentadas por consumidores, que podem, por exemplo, resolver comprar um produto de outra marca. Algo assim é impensável para o torcedor de futebol.

Embora um clube-empresa não seja garantia de boa gestão, não há dúvida de que pode torná-la mais profissional e transparente. Também é fato que alguns, mesmo na forma atual, têm obtido bons resultados financeiros e esportivos.

A grande dúvida é se essa proposta conseguirá criar um modelo decente que incentive a mudança ou se, como já visto no passado, virá a campo oferecer uma suposta modernidade para que as velhas práticas amadoras continuem.

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