Um projeto de lei que está sendo elaborado na Câmara dos Deputados prevê incentivos para que os clubes de futebol se transformem em empresas.
A atual legislação já permite isso, mas faltam estímulos —leia-se grana— para que os clubes resolvam embarcar. Como são associações sem fins lucrativos, eles não pagam alguns tributos. Estão livres, por exemplo, de Cofins e PIS, além de terem obtido na Justiça o direito de não pagar Imposto de Renda.
Como qualquer torcedor sabe, essas mordomias favorecem uma gestão amadora ou semiprofissional, algo recorrente no futebol brasileiro. Esses clubes têm estatutos internos, diretores e conselheiros nem sempre comprometidos com uma boa administração. São famosos os de casos de má gestão, desvios de dinheiro e toda a sorte de trambiques.
Não é à toa que boa parte das agremiações acumula dívidas milionárias, principalmente trabalhistas e fiscais. Já houve, inclusive, dois processos de refinanciamento —o mais recente, em 2015, foi descumprido por alguns clubes.
Não é um caminho fácil. Empresas são sustentadas por consumidores, que podem, por exemplo, resolver comprar um produto de outra marca. Algo assim é impensável para o torcedor de futebol.
Embora um clube-empresa não seja garantia de boa gestão, não há dúvida de que pode torná-la mais profissional e transparente. Também é fato que alguns, mesmo na forma atual, têm obtido bons resultados financeiros e esportivos.
A grande dúvida é se essa proposta conseguirá criar um modelo decente que incentive a mudança ou se, como já visto no passado, virá a campo oferecer uma suposta modernidade para que as velhas práticas amadoras continuem.
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