A eleição para conselheiros tutelares, realizada neste domingo (6) em todo o país, despertou grande interesse. Maior participação na vida comunitária é sempre importante --desde que não ocorra um aparelhamento desses cargos por grupos políticos ou ideológicos.
Afinal, cabem aos conselheiros tutelares zelarem pelo cumprimento dos direitos das crianças e dos adolescentes. Denúncias de maus-tratos e evasão escolar estão entre suas principais atribuições.
Em São Paulo, o salário é de R$ 2.853 mensais. Para alguns, a atração do cargo também está na chance de utilizá-lo como trampolim para a política. Até aí tudo bem, já que um vereador pode ajudar a vida de menores em situação de risco. Mas seria ingenuidade supor que essa mobilização toda se esgota nisso.
Por trás do fenômeno pode estar a polarização ideológica que se instalou no Brasil entre conservadores e grupos mais à esquerda. Estes últimos, por sinal, conquistaram cerca de 50% das vagas na capital paulista.
Se por um lado é positivo o interesse de mais setores em atuar em função tão nobre, por outro há risco de alguns conselhos serem dominados por correntes que tenham visões mais particulares sobre infância e família. Todos têm o direito de acreditar no que quiserem, mas crenças não se sobrepõem à lei.
Se os novos conselheiros são de esquerda ou de direita é secundário. O que espera-se deles é que cumpram o seu trabalho e honrem a instituição.
Para isso, cabe aprimorar a organização e a divulgação desses processos de disputa. As comunidades eleitoras precisam saber quais são os candidatos, suas qualificações e suas propostas, para o bem das crianças e dos adolescentes.
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