Retratos de família

Um levantamento que acaba de ser divulgado pelo IBGE oferece uma oportunidade preciosa de identificar as condições de vida, os hábitos e as necessidades das famílias brasileiras.

A nova Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que abrange os anos de 2017 e 2018, retrata uma sociedade que pouco progrediu em termos econômicos desde a edição anterior, de 2008-09.

Em valores corrigidos, a renda média por habitante, de R$ 32,7 mil no ano passado, mal supera os R$ 31,8 mil de 2008.

A POF descreve esses cenário em detalhes do cotidiano. Fica-se sabendo que a família média do país vive com uma renda total de R$ 5.426,70 mensais. Essa grana vai, principalmente, para habitação, transporte e alimentação, que somam quase três quartos do gasto.

Fica até parecendo que a população em geral é remediada: ou seja, embora sem luxos, vive a salvo de privações mais graves. Mas a média, nesse caso, engana, porque existe uma minoria que puxa esse número para cima.

São as famílias que ganham o equivalente a 25 salários mínimos (R$ 23.850 em 2018, R$ 24.950 hoje). Elas são apenas 2,7% do total de lares, mas ficam com 19,9% de todos os rendimentos do país.

Do outro lado estão 23,9% das famílias do país que vivem com dois salários mínimos (R$ 1.908 em 2018, R$ 1.996 hoje) ou menos. Essa turma responde por somente 5,5% da grana.

Não dá para reduzir a pobreza de uma hora para outra, mas algumas providências podem ser tomadas desde já. Uma é reduzir os impostos sobre os produtos: 93% da renda dos pobres vai para o consumo, contra 66% no caso dos ricos. Já o pessoal do andar de cima deve pagar mais sobre altos salários e lucros.

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