O crescimento das internações psiquiátricas no país já pressiona tanto a rede pública de saúde como a privada.
O fenômeno não poupa nem mesmo as crianças: nos últimos cinco anos, a taxa de internação de jovens entre 10 e 14 anos por causas psiquiátricas passou de 14 para 19 a cada 100 mil habitantes. O principal motivo desse aumento foram as tentativas de suicídio.
Na rede privada, o cuidado com transtornos mentais —internações e consultas em todas as modalidades— representou 27,4% do total de atendimentos prestados pelos planos de saúde em 2018. Em 2016, eram apenas 16%.
A situação na rede pública é ainda mais dramática, já que muita gente não recebe atenção por conta da baixa oferta de serviços oferecidos nessa especialidade.
Se um diagnóstico médico qualquer já pode ser complexo, na psiquiatria é ainda mais complicado. Inclusive para entender esses números preocupantes: o crescimento nos atendimentos não significa, necessariamente, que todo o mundo esteja enlouquecendo.
Parte do aumento se explica pelo fato de as pessoas já não se sentirem tão envergonhadas em procurar ajuda psiquiátrica, o que é bom. Mas pode haver também um certo exagero nos diagnósticos. Critica-se muito, por exemplo, uma certa banalização da depressão.
O fato é que o avanço do suicídio entre jovens é alarmante. Lidar com essa situação num momento de crise, em que a grana da saúde é curta, não é nada fácil. No SUS, é fundamental melhorar o atendimento a dependentes de drogas e álcool e investir em prevenção.
A maior procura por serviços de saúde mental veio para ficar. O sistema vai ter de aprender a lidar com isso.
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