O que sobra em arrogância a Abraham Weintraub nas redes sociais lhe falta em competência à frente do Ministério da Educação. Sob sua gestão, o MEC tem sido uma fonte inesgotável de más notícias para o ensino e a pesquisa no Brasil.
A última apareceu na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Fundamental para a pós-graduação e a formação de professores, o órgão está no centro de uma polêmica porque Weintraub escolheu para comandá-la um adepto do criacionismo.
No criacionismo, entende-se que o mundo foi criado por Deus a partir do nada. Há de se respeitar quem acredita nessa teoria, mas apenas no âmbito religioso. Na educação pública, o que vale é a ciência --no caso, a consagrada teoria da evolução das espécies, do naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882).
A mera possibilidade de que o presidente da Capes, Benedito Aguiar, use recursos da instituição para estimular estudos de inspiração religiosa, incompatíveis com a ciência contemporânea, já seria motivo para não o indicar ao cargo.
Se há riscos para o futuro na Capes, Weintraub já produziu prejuízos concretos a milhões de estudantes com a confusão do último Enem. Erros em milhares de notas puseram a prova sob suspeita. E, de forma irresponsável, o ministro não interrompeu a seleção para as universidades federais. A situação mantém em suspense legiões de jovens num momento decisivo de suas vidas.
Weintraub troca as mãos pelos pés em quase tudo que toca. Entre outras lambanças, elevou o piso nacional no ensino básico sem levar em conta se estados e municípios vão conseguir pagar.
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