Qualquer personagem público bem informado sabe que a pauta ambiental se tornou obrigatória no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça), o encontro anual que reúne líderes políticos, empresariais e da sociedade civil.
Talvez por isso o presidente Jair Bolsonaro tenha dado um jeitinho de não comparecer —em 2019, na abertura da Assembleia Geral da ONU, seu discurso provocou péssima repercussão.
Bolsonaro enviou ao fórum o seu principal ministro, Paulo Guedes, titular da Economia. Ele e o presidente americano, Donald Trump, rivalizaram em pronunciamentos ecologicamente incorretos. Ambos os governos trabalham para arruinar a cooperação entre os países para limitar a mudança climática.
No caso do Brasil, vimos o desmatamento na Amazônia disparar 29,5% entre 2018 e 2019, resultado do discurso raivoso de Bolsonaro contra o ambiente. Na Suíça, Guedes chegou a dizer que “o pior inimigo da natureza é a pobreza” e que “as pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer”.
Trata-se de um raciocínio ultrapassado. O debate hoje no mundo é separar o crescimento econômico da devastação e da poluição, produzindo o conceito de desenvolvimento sustentável.
Se tem gente no Planalto que parou no tempo, pelo menos a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, enxerga o óbvio. Ela rebateu Guedes, dizendo que não é preciso desmatar para produzir alimentos, basta aumentar a produtividade.
No Brasil, qualquer autoridade bem informada também sabe que os principais vilões são os grileiros, não o agricultor pobre. E que eles não derrubam a floresta para comer, mas para enriquecer ilegalmente com terras públicas.
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