Caixa-preta vazia

Custou nada menos do que R$ 48 milhões uma auditoria contratada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para investigar algumas de suas transações durante os governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

A devassa concluiu que não há evidências diretas de suborno ou corrupção. Encomendado ainda no governo Michel Temer (MDB), o trabalho --e seu gasto exorbitante, diga-se-- teve como foco oito operações financeiras, entre 2005 e 2018, com as empresas JBS, Bertin e Eldorado Brasil Celulose. Os valores chegam a R$ 11,4 bilhões.

O objetivo era descobrir se houve pressões, internas ou externas, para alterar opiniões e recomendações técnicas e, assim, beneficiar essas empresas. 

Fundado em 1952, o BNDES é um banco público que oferece financiamento de longo prazo para diversos setores da economia. Foi criado para fomentar negócios que gerem empregos e renda.

Apesar de não encontrar nada, a investigação não isenta totalmente as gestões petistas, até porque a apuração foi apenas parcial. No entanto, a ausência de provas concretas contesta a tese de que o banco seria uma "caixa-preta" repleta de irregularidades --como sempre acusou o presidente Jair Bolsonaro.

Ainda que legalmente corretas, algumas decisões do BNDES nos tempos do PT foram mais baseadas na ideologia de esquerda do que no interesse nacional, como financiar obras milionárias em Cuba e na Venezuela.

Bolsonaro e parte do seu governo deveriam aproveitar a oportunidade para adotar uma abordagem mais racional no BNDES. O primeiro passo seria pensar fora de sua caixa-preta ideológica.

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Os ex-presidentes Lula e Dilma Rouseff, durante 7º Congresso Nacional do PT realizado na Casa de Portugal, em São Paulo - Danilo Verpa - 22.nov.19/Folhapress

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