Lambança no Enem

Em nova demonstração de incompetência à frente do Ministério da Educação, Abraham Weintraub admitiu no sábado (18) a existência de erros nas notas do Enem, realizado no ano passado.

Desta vez, diz o MEC, houve um problema na gráfica que passou a imprimir a prova em 2019, após a falência da empresa que fazia o serviço anteriormente. 

A falha ocorreu entre a identificação de alguns candidatos e a respectiva cor dos exames feitos por eles (cada cor traz uma ordem diferente das mesmas questões). O sistema teria corrigido testes de uma versão como se fossem de outra. 

Primeiro o governo Bolsonaro avaliou que os erros poderiam ter afetado até 1% dos participantes --ou cerca de 39 mil alunos. Depois, baixou a estimativa para algo em torno de 6.000.

Embora a dimensão da trapalhada não esteja clara, o MEC manteve o calendário do Sisu, o sistema que seleciona alunos para as universidades públicas conforme a nota do Enem --cujas inscrições começam nesta terça e foram estendidas por mais dois dias, até domingo (26). 

Talvez fosse mais prudente acabar com todas as dúvidas antes de seguir com as etapas seguintes do processo.

Seja lá qual for o número de estudantes prejudicados, o estrago já está feito. A lambança não abala só a imagem e a credibilidade da prova, hoje o principal meio para entrar nas instituições federais do país, mas também dão margem para contestação das notas da redação, que não teriam sido afetadas.

A última de Weintraub é só a mais recente confusão de um ministério cujo desempenho até agora foi pífio.

O risco agora é que tamanho despreparo também venha manchar o Enem, um avanço na área educacional brasileira.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante audiência pública na Comissão de Educação da Câmara - Pedro Ladeira - 17.nov.19/Folhapress

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