Há mais de 500 anos, desde que Cabral chegou à Bahia e logo uma missa foi celebrada, a religião católica esteve intimamente ligada à história do Brasil.
Na colonização, ordens como os jesuítas foram decisivas na ocupação do território. No Império, o catolicismo foi alçado à religião oficial. E, mais recentemente, Getúlio Vargas declarou Nossa Senhora Aparecida a padroeira do Brasil.
É natural que, com tanta presença e influência, a Igreja Católica prevaleça até hoje. Esse cenário, porém, vem mudando rapidamente nas últimas três décadas.
De 1991 a 2010, a proporção de católicos caiu 1 ponto percentual ao ano, ao passo que a de evangélicos cresceu 0,7. O fenômeno ganhou ainda mais força na última década. Hoje, 50% dos brasileiros se declaram católicos, enquanto 31% se dizem evangélicos, aponta pesquisa Datafolha. Nessa toada, estima-se que, em 12 anos, o total de evangélicos supere o de católicos no Brasil.
Dentre os desdobramentos desse avanço destaca-se o crescimento da participação na política. Só na eleição de 2018 foram eleitos 91 parlamentares evangélicos --13 a mais do que em 2014.
Na democracia é legítimo que grupos religiosos busquem ampliar a sua atuação política. Mas é inaceitável que lideranças defendam ou orientem ações do poder público baseadas em sua fé.
É o que se viu, por exemplo, na proposta da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) de criar um programa para incentivar jovens a adiar o começo da vida sexual.
Só há liberdade religiosa se o Estado for laico; ou seja, sem ligação com nenhum credo. Defender essa independência é tarefa de todos, qualquer que seja o grupo que o ameace.
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