Nós, brasileiros, vivemos um processo acelerado de envelhecimento. Se neste ano a quantidade de pessoas com 65 anos ou mais já chega a 9,8% do total, o IBGE projeta que, em 2046, será de 20%. E, em 2060, cerca de um quarto da população entrará nessa faixa etária.
Apesar desse avanço, o Brasil carece de um debate mais maduro sobre políticas que possam garantir um envelhecimento digno. E não se trata de falta de leis. Entre outros direitos, o Estatuto do Idoso já garante gratuidade no transporte público, vagas exclusivas, acesso a remédios e pensão alimentícia a quem não consegue prover o seu sustento.
Embora necessárias, essas políticas podem não ser suficientes diante dos desafios de arrumar um emprego, principalmente após a aprovação da reforma da Previdência. Para se aposentar, as mulheres deverão trabalhar até os 62 anos; os homens, até os 65.
É preciso combater o preconceito aos mais velhos, que têm muita dificuldade em conseguir uma vaga. Melhorar os processos seletivos para valorizar a experiência adquirida e desenvolver as habilidades desse público para encontrar uma ocupação são alguns exemplos.
No futuro, com a provável extinção das carreiras tradicionais, caberá ao poder público capacitar a população idosa --mas sem deixar de cuidar daqueles em situação precária. Em 2018, segundo dados oficiais, houve um aumento de 13% nos casos de violência contra idosos.
Sem medidas para o crescente abandono e maus-tratos contra a população mais velha, além de projetos para melhorar sua empregabilidade daqui em diante, muitos dos direitos dos idosos podem acabar limitados apenas ao que diz a lei nas próximas décadas.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.