Racismo salarial

Dados do IBGE de 2019 apontam que a diferença salarial entre brancos e negros chega a 45%. É óbvio que isso não pode ser totalmente explicado sem que se observe um fator: o racismo.

Se deixarmos de lado questões como grau de instrução e experiência, o abismo na remuneração entre brancos e negros continua espantosa: 31%, segundo estudo do Instituto Locomotiva.

Embora as estatísticas sejam evidentes, as medidas tomadas pelo setor privado em resposta a essa injustiça caminham a passos lentos. Afinal, promover a igualdade racial requer enfrentar barreiras estruturais em diversos níveis.

Uma iniciativa, por exemplo, é ligar a imagem de uma determinada empresa a profissionais negros qualificados, principalmente em cargos de chefia.

Algumas companhias têm até revisto os seus processos de seleção e de avaliação de desempenho. Tem se tornado comum, inclusive, a prática do currículo às cegas, onde informações como o endereço do candidato são omitidas.

O desafio, portanto, é ampliar a representatividade de profissionais negros nos postos intermediários e de liderança. Uma vez lá, é preciso garantir a esses trabalhadores oportunidades e um ambiente profissional com inclusão.

Empresas com mais diversidade tendem a ser mais inovadoras, e melhoram até mesmo a conexão com seus clientes.

Muitas têm atuado em conjunto com seus concorrentes, mostrando que mais diversidade tende a beneficiar a todos.

Já ao setor público cabe pensar políticas que enfrentem a questão da informalidade. Dados do IBGE de 2019 mostram que quase metade dos negros (46,9%) ocupa vagas precárias. Sem essa mudança, o racismo salarial persistirá.

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