Enquanto a pandemia de coronavírus já faz quase mil mortos no país, as autoridades brasileiras, em todos os níveis, falham no mais básico: a produção de números confiáveis sobre a disseminação da Covid-19.
Sabe-se apenas que a subnotificação de infectados cresce dia a dia. Sem conhecer a real dimensão do fenômeno, as autoridades não podem planejar de modo inteligente o uso de de recursos para conter o avanço da doença e a sobrecarga do sistema hospitalar.
O retrato mais fiel da situação só será obtido com a aplicação maciça de testes de diagnóstico. Nossas mazelas ficam escancaradas quando se constata que não se sabe nem mesmo quantos exames já foram aplicados, como o próprio Ministério da Saúde reconheceu.
A única informação fornecida pela pasta foi a de que o governo federal distribuiu 54 mil unidades de exames conhecidos como PCR (os mais precisos, porém demorados), e outras 500 mil de testes sorológicos (que dão resultados em questão de minutos, mas são mais propensos a registrar falsos negativos).
Estados e municípios, por sua vez, têm os próprios estoques de testes e resultados, positivos ou negativos. Tudo indica que essas informações, descentralizadas, só chegam ao Ministério da Saúde quando resultam na confirmação de casos e óbitos por Covid-19.
Os 554 mil exames distribuídos representam só um terço do que seria necessário (1,7 milhão de pessoas) para o país alcançar um nível sul-coreano de testagem em massa (0,8% da população), considerado um exemplo de sucesso.
Para que os dados não sirvam apenas para contar infectados e mortos, é urgente pôr fim à falta de coordenação.
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