Há seis meses, seria tachado de louco quem dissesse que metade da humanidade estaria hoje sujeita a restrições de ir e vir, trabalhar e divertir-se. Além de ameaçar a saúde de milhões, a Covid-19 também corrói a confiança, sem a qual a sociedade não prospera.
Presos em casa, estudantes enfraquecem os laços com o aprendizado, e trabalhadores, com as tarefas profissionais. A renda é uma dúvida terrível, e empreendedores não mais se arriscam.
Já os governantes, ainda que pegos de surpresa, devem ajudar a população a atravessar esse mar de incertezas.
As autoridades têm decretado o fechamento de atividades escolares e empresariais em praticamente todo o país, mas ainda sem o devido cuidado de expor claramente os dados e as projeções que fundamentaram as suas decisões.
Em São Paulo, por exemplo, o decreto do governador João Doria (PSDB) que fechou atividades não essenciais até o próximo dia 7 será estendido ou alterado?
As restrições de circulação visam evitar o colapso dos hospitais. Seria justo, porém, que os governos atualizassem e divulgassem diariamente a que distância estamos dessa saturação e o que será feito caso o cenário se aproxime ou se afaste de condições críticas.
Outra medida urgente é detalhar a evolução da pandemia, até para que os cientistas possam trabalhar melhor, com mais projeções e informações.
O fechamento de escolas sem data certa para reabrir --nem capacidade técnica para que as crianças recebam instrução a distância-- também é um problema que precisa ser resolvido logo.
A sociedade está solidária e disposta a agir para se proteger, mas esse esforço não pode ocorrer às cegas.
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