Procuram-se leitos

O avanço da disseminação do novo coronavírus no Brasil faz com que sistemas de saúde comecem a a entrar em colapso ou fiquem próximo disso. Na capital paulista, em metade dos hospitais escalados para tratar a Covid-19, 95% dos leitos de UTI já se encontram ocupados.

Equipe do Samu chega com paciente com suspeita de Covid-19 ao Hospital Universitário, na zona oeste de São Paulo - Lalo de Almeida/Folhapress

Enquanto o presidente da República não dá mostras de assumir responsabilidades diante da tragédia que já matou quase 10 mil compatriotas, prefeitos e governadores reagem como podem —e nem sempre como deveriam.

Já se fala por aí em requisitar compulsoriamente vagas de terapia intensiva na rede privada para incluir na fila única do SUS. A possibilidade é prevista em lei, mas é preciso agir com cautela.

O aproveitamento de vagas pode e deve ser feito, sobretudo porque há ociosidade em hospitais particulares por causa de adiamento de cirurgias eletivas. Entretanto é necessário também preservar o sistema privado, essencial para o atendimento de 47 milhões de brasileiros.

Se bem conduzida, a medida pode até trazer compensações às unidades particulares. A Prefeitura de São Paulo, por exemplo, anunciou que pagará R$ 2.100 de diária por vaga ocupada. Já houve acordo com sete instituições.

Onde houve mais planejamento e obediência às orientações dos especialistas, não faltam até aqui leitos, intensivistas e respiradores. Isso, porém, não dá garantia de que não venham a faltar, pois ainda não há informações confiáveis sobre o comportamento da Covid-19 no país.

Nesse cenário, só resta administrar com sensatez os recursos disponíveis. De nada adiantará confiscar leitos à base de canetadas —isso só tende a desorganizar a rede privada sem garantir a qualidade do atendimento no SUS.

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