Os militares e a lei

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A ascensão de Jair Bolsonaro trouxe à tona o debate sobre a identificação dos militares com a sua gestão. Cercado por generais da reserva já na campanha e depois dela, o capitão reformado do Exército sempre tentou se aproveitar da credibilidade das Forças Armadas, construída na redemocratização.

Esses militares da reserva viram sua imagem ser associada à do governo, e o agravamento da crise política --impulsionado pela negação à gravidade da pandemia e seus efeitos devastadores-- ampliou as preocupações. É necessário, contudo, reforçar diferenças importantes.

De fato, quase todo domingo o presidente aparece em atos antidemocráticos que pedem atrocidades como o fechamento do Supremo ou do Congresso.

Os três generais com assento no Planalto, um deles ainda no serviço ativo, passaram ao centro do debate político. Todos, por exemplo, tiveram de depor ao STF"‚no inquérito que apura as interferências de Bolsonaro na Polícia Federal.

Dois deles, Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos, criticaram publicamente decisões recentes do tribunal, apontando um imaginário cerco a Bolsonaro.

Outro general da reserva, o ministro Fernando Azevedo, da Defesa, deixou o comedimento e passou a apoiar as lamúrias dos colegas. Cometeu ainda o desatino de dividir um helicóptero com Bolsonaro e sobrevoar um ato golpista.

Nada disso significa, porém, que as Forças Armadas apoiem o presidente.

Que os reservistas instalados no Executivo se manifestem em defesa do governo, vá lá. Mas os militares da ativa têm compromisso único com a defesa da Constituição. Assim eles têm se comportado em 35 anos de democratização, com honradez e responsabilidade.

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