Os números da Covid-19 no Brasil revelam uma tragédia cotidiana —o país que passou da marca de 76 mil mortes ao ritmo de mais de 1.000 por dia— e um fracasso de gestão.

A média móvel de óbitos (uma conta que considera os últimos sete dias e permite, dessa forma, uma avaliação mais precisa do avanço da epidemia) chegou a seu nível mais alto nesta quinta-feira (16), com 1.081 vítimas/dia.

Com mais de 2 milhões de casos confirmados, o Brasil completou 12 semanas consecutivas com a taxa de contaminações —que indica para quantas pessoas, em média, cada infectado transmite a doença— acima de 1, sinal de que a Covid-19 permanece fora de controle.

Nesse período, o número de novos contágios por 100 mil habitantes no país multiplicou-se por nada menos que 13, passando de cerca de 19 para 250.

A pandemia se espalha em ritmo desigual pelo Brasil. As médias móveis se mantêm altas e estáveis na maior parte do Nordeste e no estado de São Paulo, por exemplo, e vêm caindo no Norte e no Rio. Só que essa redução é compensada por um aumento nas regiões Sul (onde a taxa dobrou) e Centro-Oeste (onde aumentou mais de 40%). Das 4 capitais brasileiras onde a ocupação de leitos de UTI está acima de 90%, 3 estão concentradas nessas duas regiões.

É o resultado claro de uma administração desastrosa da crise.

Com um militar interino na Saúde há dois meses, sem programa nacional de testes e rastreamento de contatos e com governos estaduais e municipais promovendo reaberturas do comércio sem base científica e com os sistemas de saúde perto do colapso, os resultados não poderiam mesmo ser diferentes.