Nas últimas 24 horas, 48.584 brasileiros se somaram a um exército de 1,6 milhão de pessoas que tiveram sua infecção pelo coronavírus confirmada no país. Um deles é o presidente Jair Bolsonaro, conforme o próprio revelou em entrevista na tarde da terça-feira (7).
Nenhum outro paciente terá sido tão simbólico na maior pandemia a assolar o Brasil em um século. O mesmo Bolsonaro que exibia o resultado positivo de seu exame foi o que adotou a ridicularização da Covid-19 como política de governo.
Ele anunciou sua condição numa entrevista —louvável pela transparência e rapidez com que veio a público— em que voltou a menosprezar os cuidados consigo e com os que o cercam. Aproveitou para tomar um remédio sem eficácia comprovada e citar dados sem base. Falou sem máscara, em outro mau exemplo.
É irresistível ler a infecção do mandatário do país como um planetário “eu avisei”, tantos foram os alertas da Organização Mundial da Saúde, os bons exemplos de outros países e as chances de adotar práticas respaldadas pela ciência.
No Brasil, a maioria dos governadores e prefeitos faz sua parte para tentar controlar a pandemia com maior ou menos sucesso, tendo de lutar não só com a imprevisibilidade de uma doença nova mas também com a falta de apoio do Planalto, a dificuldade de interlocução federal e, há inacreditáveis 53 dias, a ausência de ministro da Saúde.
Este jornal torce pela pronta recuperação de Jair Bolsonaro. Deseja também que, assim como ocorreu com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, depois de infectado, o presidente mude de atitude em relação à maior crise sanitária enfrentada pelo Brasil em várias gerações.
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