Shopping aberto, parque não

Mesmo os governadores e prefeitos mais prudentes no combate à epidemia de Covid-19 nem sempre seguem as recomendações da ciência na hora de afrouxar o distanciamento social.

É o que se vê no Plano São Paulo, adotado pelo governo estadual. Ele propõe cinco fases para o retorno das atividades com base em padrões adotados por especialistas, como a quantidade de mortes e o nível da ocupação nos hospitais.

Causa estranheza que o plano fale apenas das atividades econômicas e deixe de fora outras práticas que fariam bem à saúde física e mental da população, como passear e se exercitar ao ar livre. Elas ficaram a critério dos prefeitos.

Na capital paulista, não faz sentido que os centros de compras voltem a funcionar enquanto os parques e clubes seguem fechados. Em algumas cidades do litoral, o comércio de rua funciona enquanto as praias permanecem interditadas —o que também é incoerente.

Os infectologistas concordam que o pior ambiente para aglomerar pessoas seria um local fechado, mal ventilado ou com sistema de ar condicionado que mantém as partículas virais em suspensão depois que alguém espirra ou tosse —assim são os shopping centers.

Mesmo oferecendo um risco de infecção muito maior que um parque ou uma praia, esses locais foram os primeiros a serem liberados pelo Plano São Paulo, com capacidade e horários reduzidos.

Se existem motivos —sem contas, claro, o interesse econômico—para deixar as pessoas passearem no corredor de um shopping, mas não em ambientes abertos, os governantes não explicaram.

Medidas incompreensíveis assim podem fazer a população perder a confiança nas políticas de combate ao vírus.

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