Uma sombra paira sobre os 21 milhões de moradores da Grande São Paulo: é o "lockdown", ou a paralisação total das atividades para conter a circulação do coronavírus. Se há dúvidas sobre a probabilidade de de ele vir a ser adotado, a chance de dar certo é menor ainda.
Ambos do PSDB, o governador João Doria e o prefeito Bruno Covas estão indecisos. Até aqui, medidas adotadas pelos dois impediram o colapso dos serviços de saúde. O risco, porém, ainda existe.
A capital continua como o epicentro da Covid-19 no país. Concentra 13,4% dos casos e 16,2% dos óbitos nacionais (no estado eram, respectivamente, 23,8% e 27,7%) até quinta-feira (21). Já os leitos de UTI permanecem em preocupantes 90% de ocupação, segundo o governo estadual. Outro temor é o avanço do vírus pelo interior e por bairros das periferias.
Embora a disseminação dos testes no estado pareça ter reduzido a subnotificação de casos e mortes, governador e prefeito carecem de informações mais precisas para implementar uma medida tão extrema. Daí a hesitação.
Numa declaração Doria afasta a hipótese de "lockdown" e, noutra, ameaça com ela. Já Covas tentou algumas gambiarras, como o bloqueio de avenidas e o megarrodízio, já abandonadas.
O último recurso dos tucanos foi o megaferiado, que só acabou nesta segunda (25). Mas o isolamento na capital subiu pouco, para 51% --longe dos ideais 70%.
Governador e prefeito temem o fracasso previsível da iniciativa. E ainda enfrentam as frequentes sabotagens de Jair Bolsonaro e as dúvidas sobre a determinação e as condições da Polícia Militar de fiscalizar a conduta da população.
A Covid-19, contudo, não dá bola para politicagens e segue seu ritmo macabro.
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