Bolsonaro, gasolina e diesel

O aumento dos preços dos combustíveis de fato dificulta a vida de muita gente, e à primeira vista podem fazer sentido os ataques do presidente Jair Bolsonaro à Petrobras —ele até acaba de nomear um novo presidente para a empresa. Mas a história não é bem assim.

A gasolina e o diesel sobem por causa de um fenômeno mundial: o encarecimento do petróleo. Além disso, a cotação do dólar no Brasil está muito alta, e boa parte dos derivados de petróleo consumida aqui é importada.

Tanque de óleo diesel em caminhão: combustíveis têm alta de preços - Mathilde Missioneiro - 27.nov.20/Folhapress

Não existe, portanto, alguma solução milagrosa para evitar os reajustes. Basta lembrar o desastre que foi a política do governo Dilma Rousseff (PT) de segurar os preços dos combustíveis para mascarar a inflação: a Petrobras teve um prejuízo enorme e acabou tendo de voltar ao realismo do mercado.

O movimento de Bolsonaro, que busca atender principalmente às demandas de seus aliados caminhoneiros, é muito perigoso, até para a economia como um todo. Ele está mexendo, afinal, na maior empresa do país —e que não pertence apenas ao governo, uma vez que suas ações são negociadas na Bolsa.

Existem regras para proteger as milhares de pessoas que investem sua grana na Petrobras e em outras companhias. Também foi aprovada uma lei em 2016 para garantir uma gestão profissional das estatais, cujos prejuízos cedo ou tarde estouram na mão dos contribuintes.

Tudo isso pode colocar a Petrobras novamente no meio de uma crise que deve envolver até a Justiça. O fato é que agora ninguém sabe como a empresa vai ser administrada sob o comando do general —mais um— Joaquim Silva e Luna. Pior ainda, teme-se com bons motivos que Bolsonaro não vá parar por aí.

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