Ô coisinha tão bonitinha do pai, ô coisinha tão bonitinha do pai, você vale ouro, todo o meu tesouro... Alô, povão, agora é fé! Sabe, Basa, aquela vez que se machucou no ginásio do Vila Ema e foi substituído para ser atendido? Papai foi duro demais ao reclamar que você não aguentou a dor e saiu. Desculpe!

Lembra aquela semifinal da Liga Norte, na Brasilândia, em que você perdeu o seu pênalti e voltou para o meio-campo chorando até o goleiro Vinicius salvar sua pele? Papai chorou na arquibancada ao ver sua dor e depois de felicidade de ver o time todo gritando "Basílio, Basílio, Basílio" após a classificação. Mas não passei o pano nem menti que bateu bem o pênalti... Foi um chutinho patético!

Lembra, Maloquinha, quando fomos para a Ibercup Porto Alegre? Papai gastou uma grana, te explicou o valor do dinheiro e foi teu presente de aniversário e Natal... Tinha até a Inter de Milão do irmão do Balottelli. Papai chorou de alegria de ver você todo feliz tirando foto e falando inglês com os meninos do Manchester City...

Lembra você piscando para contar a nota "vermelha, mas não é vermelha" de Ciências e para explicar porque saiu na mão com o coleguinha? Ou tira nota ou sai da bola, e segure a bronca das tretas que arrumou. Foi o combinado, sem muito papo... Do 10 de Matemática eu sei que lembra, né, picareta?

Lembra, filho, quando você perguntou se a gente podia comer cupim naquele restaurante caro perto do Palmeiras que você gosta, se a gente ganhasse na Mega-Sena, mas depois fomos mesmo sem ganhar porque você merece?

Desde 10 de dezembro de 2008, lembro de quase tudo, filho. Nesses dez anos e meio, foram muitas vitórias e muitas derrotas, acertos e erros... Estamos juntos! E espero que isso nunca mude. Mas que você, que é um menino ótimo de 10 anos, vire um homem para, muito antes de fazer 27 anos, assuma os seus BOs. E que seu pai tenha saúde e decência para continuar trabalhando e não vire uma figura patética que tenha a "paternidade" como profissão.

Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!