O Qatar é um pequeno país árabe localizado no Oriente Médio, uma península dentro do Golfo Pérsico que é praticamente a metade de Sergipe, o menor estado brasileiro. No entanto, o que ele tem de pequeno tem de rico. Situado em cima de uma grande reserva de petróleo, como toda a região, o país tem a terceira maior renda per capita do mundo e possui dinheiro para fazer o que quiser.
Pois, nos últimos tempos, os governantes resolveram investir pesado no mercado esportivo e garantiram a realização da Copa do Mundo de futebol de 2022 e de campeonatos importantes de várias modalidades.
Um deles é o Mundial de Atletismo, que está sendo realizado na capital Doha até o próximo domingo (6). Até aí, tudo bem, já que a infraestrutura do país é a melhor que o dinheiro pode comprar. A questão, porém, está no que ele não pode: o clima e as questões políticas com os vizinhos.
Dentro do climatizado estádio Khaliffa, a temperatura é amenizada por cerca de 500 canhões de ar condicionado, que dá boas condições para os atletas competirem. O problema fica com as modalidades disputadas nas ruas. Como durante o dia a temperatura média nesta época é de 40ºC, as provas foram agendadas para o meio da noite, como a maratona feminina.
Mesmo com a largada à meia-noite, a temperatura estava 32,2ºC e a umidade do ar, em sufocantes 73%. Resultado: 28 das 68 atletas não finalizaram, algumas até passaram mal. O tempo da vencedora, a queniana Ruth Chepngetich, foi 15min acima de sua melhor marca, conquistada em janeiro. Após a prova, 30 corredoras ficaram em observação no centro médico do estádio.
No dia seguinte, foi a prova masculina de 50km de marcha atlética. Apesar de o clima estar um pouco mais ameno, 14 dos 46 competidores desistiram, também não aguentando o calor excessivo.
Um dos maiores corredores da história, o etíope Haile Gebrselassie, hoje aposentado, criticou duramente a organização, afirmando que competir nessas condições extremas poderia até causar a morte de alguém.
Dentro do estádio, por outro lado, o ponto negativo foi o público minguado, longe de parecer um clima de Campeonato Mundial.
Nesse caso, o comitê organizador colocou a culpa em um suposto boicote imposto ao Qatar por Bahrein, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito, que o acusam de apoiar o terrorismo. O Qatar nega.
Isso mostra que não basta ser rico se o país não tiver boas relações e um clima menos danoso aos atletas.
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