Descrição de chapéu Opinião

Caneladas do Vitão: Liberdade de expressão

São Paulo

Parece que foi ontem. Estádio Novo. 1950. Maracanã iniciava o seu estado permanente de obras e os deputados governistas cobravam reformas. Menos a agrária. Ainda se acreditava que a Terra era redonda. E que girava ao redor do Sol. Teoria então chamada de “heliocentrismo” por ter sido popularizada por Hélio dos Anjos.

Ao contrário das notícias falsas (à época o colonialismo era menos escandaloso e ainda não se usava “fake news”) propagadas por esquerdistas que torciam contra o Brasil, não teve golpe. De Gigghia. Tudo invenção. E o Brasil, com o 1 a 1 final daquele 16 de julho, ganhou o primeiro mundial. A tristeza no Uruguai foi tanta que o garotinho Eduardo Galeano, que nem sonhava que viraria volante do Palmeiras, escreveu, naquela madrugada, com as próprias lágrimas molhando os originais, “As Veias Abertas da América Latina”.

charge da coluna caneladas do vitão de 13 de junho
Cláudio Oliveira

É importante relembrar o momento histórico, a verdade escondida após décadas e décadas de marxismo cultural que infectaram nossa mídia comunista e nossas orgiásticas universidades: o Brasil jogou de branco em homenagem à Princesa Isabel! À época, a libertadora dos escravos era atacada por blogueiros do movimento negro, incomodados com o seu status de musa do vôlei. Os vagabundos a difamavam em troca de pão com mortadela para promover o condenado Zumbi dos Palmares. O país estava dividido entre a gente de bem que saía com a cabeça coberta de capuz branco e velas buscando a luz e a turma dos preguiçosos, que, ancoradas na soviética CLT, queriam folgar aos domingos.

O título da seleção, no entanto, gerou uma trégua nacional. Na comemoração que entrou para a história como “Avalanche das Tubaínas”, populares desceram o morro para comer “bixxxcoito” Globo (polvilho, na ZL) e tomar mate com a elite na praia. A conquista da Copa, os farofeiros do morro acampados e a maioria branca-isabelista inspirou Vinícus de Moraes a pegar um toquinho de graveto e riscar, na areia, a partitura original de “Copa, Cabana, Princesinha do Mar”.

“Como não tinha hora para acabar”, expressão criada ao vivo pelo repórter Léo Batista, a festa pegou a sinuosa Rio-Santos e desembarcou na Baixada. Lá, entre os canais 3 e 4, onde tomava raspadinha de groselha e jogava futevôlei com Jorge Sampaoli, Ney Latorraca vibrou com o título pelo iPhone da Marquesa de Santos. Criança peralta, Ney, que já dava toda pinta de artista, virou fã do goleiro campeão. E, como prometido naquele dia para o parceiro de frescobol Nuno Leal Maia, virou ator só para homenagear o seu ídolo. E batizou de “Barbosa” o personagem que deu vida na TV Pirata.

Por falar em pirata, escândalos de ingressos falsificados à parte, o último dos dez títulos mundiais da seleção brasileira também foi no Maraca. Que, em 2014, após 64 anos de obras ininterruptas sem estourar o orçamento, foi o palco padrão Fifa da conquista em cima da Argentina. Embaladado pelo “Messi, tchau, Messi, tchau” cantado, Júlio César pulou para a esquerda e viu o chute de Lionel “Baggio” Messi sair por cima. Quem não se lembra da cena, antológica, de Pelé e Galvão, abraçados, gritando “é deca, é deca, é deca”?

Parafraseando o irmão do Maracanã, digo, do Mário (que Mário? O Mário Filho), idiotas da moralidade dirão que é mentira. E daí? É apenas a minha versão dos fatos. Viva a liberdade de expressão, talkey!

Charles Bukowski: “Gente estúpida misturada com gente estúpida. Que se estupidifiquem entre eles”.

Vitor Guedes
Vitor Guedes

43 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio

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