Clubes paulistas iniciam luta na Série D do Brasileiro

Ferroviária, Mirassol, Novorizontino e São Caetano tentam retomar o caminho da elite do futebol nacional

São Paulo

Este fim de semana marca o início da Série D do Campeonato Brasileiro, a porta de entrada para o torneio nacional mais importante. Entre os 64 times classificados, quatro são do estado de São Paulo: Ferroviária, Mirassol, Novorizontino e São Caetano.

Dentre eles, o Azulão é quem terá que enfrentar uma verdadeira maratona neste início. A equipe, que entra em campo neste sábado (19) diante do Caxias, às 18h, no Anacleto Campanella, também está na semifinal da Série A-2 do Campeonato Paulista. Apesar de pensar no acesso para a Série C no Nacional, os planos do momento são outros.

O zagueiro Domingos, de 34 anos, em treino do São Caetano; jogador já atuou em 6 partidas na temporada e confia no acesso do clube paulista
O zagueiro Domingos, de 34 anos, em treino do São Caetano; jogador já atuou em 6 partidas na temporada e confia no acesso do clube paulista - Fabrício Cortinove - 16.set.20/São Caetano

“Sabemos que não vamos ter vida fácil, mas o nosso foco inicial agora ainda é o Paulistão. Vamos mirar nesse acesso no estadual que é muito importante”, disse Alexandre Gallo, técnico do São Caetano, ao Agora.

O clube do ABC Paulista, rebaixado da elite do estadual no ano passado, não quer perder o bonde e terá pela frente o XV de Piracicaba. Os jogos serão nas próximas duas quartas-feiras, dias 23 e 30, com o Azulão decidindo em casa.

“Nosso objetivo agora é focar na A-2 porque são dois jogos decisivos. É um campeonato que já estamos jogando e queremos seguir para a próxima fase. Esperamos brigar pelo título”, ressalta o zagueiro Domingos.

Caso avance à final, apesar de ainda não ter uma data definida pela FPF (Federação Paulista de Futebol), o time de São Caetano ficará com um calendário ainda mais apertado. “A sequência [de jogos] atrapalha sim. Em alguns momentos vamos precisar fazer algumas escolhas, até porque a logística da Série D é bem difícil. Espero que seja o mínimo possível, mas em algum momento vou precisar escolher”, comenta Gallo.

Mesmo priorizando o estadual no momento, o São Caetano tem planos ambiciosos para a última divisão nacional, que passou por uma reformulação e agora conta com uma fase inicial diferente: em 8 grupos com 8 participantes cada, as equipes se enfrentam em turno e returno (14 jogos). Na sequência, os quatro melhores de cada chave avançam para a segunda fase, que já passa a ser mata-mata, em jogos de ida e volta. Os semifinalistas garantem uma vaga na Série C na próxima temporada.

“Ano passado não fizemos uma boa campanha [caiu na primeira fase]. Espero que possamos brigar pelo acesso este ano. Quero fazer história com essa camisa”, fala o goleiro Luiz Daniel, um dos destaques do time na temporada.

O Azulão, que está no grupo A8 ao lado de Atlético Tubarão-SC, Caxias-RS, Joinville-SC, Marcílio Dias-SC, Novorizontino, Pelotas-RS, e São Luiz-RS, busca recuperar o brilho de outrora e se espelha em 2002, quando foi vice-campeão da Copa Libertadores. Assim como o clube, Alexandre Gallo também busca reabilitar a sua carreira à beira do campo.

“O São Caetano para mim foi um recomeço. Em 2018 eu tinha trabalhado como diretor de futebol [no Atlético-MG] e ano passado preferi tocar outro projeto fora do futebol”, celebra o comandante, que tem times como Santos, Internacional e Atlético-MG no currículo.

Dentro das quatro linhas, outro que também busca um novo lugar sob o sol é Domingos. O “último zagueiro”, como ele mesmo brinca, retornou ao país depois de cinco anos no Qatar, teve passagens apagadas por Santo André, Aparecidense e Portuguesa, e voltou a ganhar oportunidades no auge de seus 34 anos.

“Com essa parada [por conta da pandemia] eu consegui baixar bastante o meu peso e me sinto muito bem. Eu sei que se estiver bem, consigo jogar em alto nível”, conclui o defensor que já disputou 6 jogos no ano.

O técnico Eduardo Baptista assumiu o comando do Mirassol em setembro deste ano
O técnico Eduardo Baptista assumiu o comando do Mirassol em setembro deste ano - Léo Roveroni/Agência Mirassol

Mirassol aposta em Eduardo Baptista

Depois de fazer a melhor campanha de sua história no Paulistão —eliminando o São Paulo nas quartas e caindo apenas na semifinal—, o Mirassol entra com moral para a disputa da Série D.

Para além do elenco, que teve baixas, a principal mudança acontece no banco de reservas. Ricardo Catalá assumiu o Guarani e o Leão foi buscar um nome consagrado: Eduardo Baptista. O treinador, que foi demitido do CSA no fim de agosto, fechou com o clube paulista no começo de setembro.

“A minha motivação no Mirassol é enxergar um time emergente, com uma administração séria e profissional. Está em termos de estrutura e filosofia muito à frente de times de Série B e vejo a oportunidade de, junto com a instituição, crescer e chegar a divisões maiores. É um grande desafio, mas sou movido por desafios”, diz o treinador do Mirassol.

O principal desafio do comandante será ajustar um elenco jovem. A equipe do interior, que já havia perdido muitos nomes durante a parada do futebol, perdeu mais jogadores após o fim do estadual e ainda corre atrás de mais reforços.

“O elenco, que é bastante jovem e talentoso, veio de um Paulistão heroico, mas agora a competição que disputaremos exigirá mais equilíbrio, e é importante trazermos atletas com mais rodagem para dar sustentação ao projeto”, destaca.

Além da promoção de seis jogadores da base, entre as novas caras está Léo Artur. O meia formado nas categorias de base do Corinthians e que, apesar dos 25 anos de idade, coleciona passagens por Fluminense, Ponte Preta e Sport, é uma das principais apostas do clube para a competição.

“Vai ser uma honra jogar pelo clube que vem em uma crescente no futebol paulista. A expectativa é a maior possível. É trabalhar e treinar firme para conquistar o acesso e o caneco de campeão”, enfatiza o jogador.

A estreia do Mirassol será no domingo (20) diante do Bangu, às 19h, em casa, no estádio José Maria de Campos Maia. A equipe integra o Grupo A7, ao lado de Cabofriense-RJ, Cascavel-PR, Ferroviária, Nacional-PR, Portuguesa-RJ e Toledo-PR.

“Para analisar os times possuímos poucas informações, porém o clube conta com funcionários que estão buscando o máximo de dados. O importante é entender a dinâmica do torneio e saber que às vezes a determinação e raça vão se sobrepor à qualidade técnica”, conclui Eduardo.

O experiente goleiro Saulo, de 35 anos, permanece como um dos líderes da Ferroviária nesta temporada
O experiente goleiro Saulo, de 35 anos, permanece como um dos líderes da Ferroviária nesta temporada - Jonatan Dutra/Ferroviária SA

Ferroviária mantém a base do Paulistão para a Série D

A Ferroviária viveu um começo de temporada irregular. A equipe largou mal no Paulistão, mas, aos poucos se recuperou, e ainda fez história na Copa do Brasil ao conquistar uma vaga para a terceira fase —na qual acabou eliminada pelo América-MG no último minuto da partida.

Nesse meio de caminho, o clube de Araraquara demitiu Sérgio Soares durante a parada e contratou Dado Cavalcanti. “A condição que a Ferroviária tem hoje de estrutura, de grupo de atletas, nos faz sim um forte candidato ao acesso e, consequentemente, forte candidato para vencer as partidas. Mas também temos clareza de que isso não cai do céu”, fala o técnico.

O que pouco mudou foi o elenco da Locomotiva, que segue com nomes como o goleiro Saulo, os zagueiros Anderson Salles e Max, o lateral Bruno Recife e o meia Tony, além da chegada do atacante Branquinho.

“Já disputei essa competição e é importante essa mescla de experiência com juventude. Vamos enfrentar todos os tipos de adversário. É importante passar essa experiência para os mais jovens e dizer que todos são importantes e vão ter chances para mostrar o seu potencial”, diz Saulo.

A AFE encara o Nacional-PR fora de casa pela rodada inicial da Série D, neste sábado (19), às 15h30.

O zagueiro Bruno Aguiar tenta melhorar a defesa do  Novorizontino para se dar bem na Série D do Nacional
O zagueiro Bruno Aguiar tenta melhorar a defesa do Novorizontino para se dar bem na Série D do Nacional - Maria Paula Laguna/ Assessoria Novorizontino

Novorizontino defende bons números na temporada

O Novorizontino estreia na Série D do Brasileirão com ótimos números. Em 14 partidas no ano, perdeu apenas três vezes, somou quatro vitórias —entre essas contra o Santos— e sete empates —incluindo diante de Corinthians e São Paulo.

Apesar disso, a equipe ainda não conseguiu colecionar resultados efetivos e caiu ainda na primeira fase do Paulistão, da Copa do Brasil e do Troféu do Interior. Agora, para a competição nacional, o time pretende mudar a história.

“Este ano tentamos mudar o foco, montamos uma equipe mais competitiva e conseguimos manter a base que disputou o Paulistão para a Série D. Montamos um cronograma e nosso primeiro objetivo é a classificação para a próxima fase, fazendo uma boa fase de grupos”, diz Roberto Fonseca, treinador do Novorizontino.

Grande parte do elenco que disputou o Paulistão foi mantido e nomes importantes como dos zagueiros Bruno Aguiar e Edson Silva, e do goleiro Oliveira seguem. Além disso, o Tigre conta com 10 jogadores abaixo dos 22 anos de idade.

“Nesse processo quero ajudar os meninos que estão no começo de carreira. E com essa mescla espero que possamos vencer e subir”, enfatiza Bruno Aguiar.

A estreia do clube será fora de casa contra o Joinville, neste sábado (19), às 17h.

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