Descrição de chapéu Opinião

Mundo Olímpico: Todo atleta precisa ter liberdade para expor sua opinião

Carol Solberg passou por constrangimento desnecessário no vôlei

São Paulo

No longínquo ano de 1948, após a Segunda Guerra Mundial, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em seu 19º artigo —dos 30—, o texto é taxativo:

“Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.”

A jogadora de vôlei de praia Carol Solberg na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, onde treina com sua parceira, Talita
A jogadora de vôlei de praia Carol Solberg na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, onde treina com sua parceira, Talita - Ricardo Borges - 13.nov.20/Folhapress

Não seria preciso ler um texto tão claro como esse para ficarmos indignados com o constrangimento que passou a jogadora de vôlei de praia Carol Solberg.

A filha da ex-ponteira Isabel Salgado, uma das destaques da seleção brasileira dos anos 1980, foi julgada pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) por ter gritado “fora, Bolsonaro” em transmissão ao vivo do SporTV na etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, no dia 20 de setembro.

De acordo com o tribunal, ela deixou de cumprir o regulamento da competição, infringindo o artigo 191 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).

O artigo cita explicitamente que o atleta não deve dar declaração “que reflita críticas ou possa, direta ou indiretamente, prejudicar ou denegrir a imagem da CBV e/ou os patrocinadores e parceiros comerciais das competições”.

Em que o grito-desabafo de Carol infringiu esse artigo? Em nada. Tanto é que o plenário do STJD a absolveu nesta segunda-feira (16). Isso após ela ter sido condenada, pela 1ª Comissão Disciplinar, em outubro, a pagar R$ 1.000 de multa, que seria convertida em advertência. Mas sua defesa recorreu ao plenário.

O episódio só serviu para deixar ainda mais claro que todos temos o direito de expressar nossa opinião. É importante que deixemos claro quando não estamos contentes com uma situação. Somente assim teremos condições de lutar para melhorá-la. O que não se pode fazer é tampar a boca com uma mordaça.

Claudinei Queiroz
Claudinei Queiroz

48 anos, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, pós-graduado em Gestão de Marketing pelo Centro Universitário Senac e tecnólogo em Gestão do Esporte pela Universidade São Marcos. E-mail: claudinei.queiroz@grupofolha.com.br

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