Ah, anos 80. Imperatriz. Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós. E que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz.
Se é historinha primária para boi dormir e mugir que a princesa Isabel foi a responsável pela abolição da escravatura, está na história real, muito além do ginásio: rainha Isabel lutou pela mulher, pela igualdade, pela democracia e pelo Brasil. Atitude, plenitude. Hoje, ontem, já! Também no esporte, no vôlei. Direta! Sem perder a ternura e o charme, jamais!
Maria, Maria, Maria Isabel que é tão Flamengo quanto foi (e é sempre Flamengo) Marielle e que traz no corpo e na alma a marca franca de quem tem a estranha mania de ter fé na vida. Fé raciocinada com raça e gana, que mistura dor e alegria de desfilar sempre do lado certo da história contra a marcha ignóbil do atraso.
Isabel Salgado do corpo dourado do mar de Ipanema, mulher que vale ouro, prata, bronze. Liberdade de ser mulher. Musa. Craque. Filha. Mãe. Avó. Que atacou o machismo e levantou a bola para as filhas Maria Clara e Carol desnudarem o preconceito e vestirem o biquíni do vôlei de praia. E serem respeitadas como atletas da mesma forma que o irmão Pedro é respeitado no mesmo esporte. Todos juntos e misturados, justos e separados. Na arquibancada. Maria Clara do lado rubro-negro da mãe; Pedro e Carol, alvinegros, Botafogo, estrelas solidárias.
Ainda que canalhas lambe-botas do poder prometam (em nota oficial!) lutar para calar a voz democrática do esporte e dos esportistas, os súditos da rainha Isabel não serão calados. Quem sai aos seus não degenera. Mãe é quem, em esforço desumano, cria as crias espelhando os mesmos valores demasiadamente humanos, antirracistas e antifascistas.
O adversário da democracia é o time do atraso, que se defende com censura, que clama pela volta da abjeta ditadura. A equipe ignóbil que, na impossibilidade de amar, ri da tortura e faz arminha com a mão, violento símbolo da falta de amor.
Para quem não ameaça ser gente e é incapaz de marcar ou aplaudir um gol de placa, resta a pequenez de quebrar placa e rir de nervoso da própria ignorância, sordidez e brutalidade.
Fica, à Botafogo, o recado: ninguém cala esse nosso amor! Grite “fora, Bolsonaro” à vontade, princesa Carol. Grito censurado? Ele não! Aqui, não!
Viva, rainha Isabel!
Simone de Beauvoir: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”.
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