Cerca de 15 mil desempregados formaram, nesta terça (26), uma fila gigantesca no vale do Anhangabaú (região central da capital), em busca de uma das 6.000 vagas de emprego oferecidas na terceira edição do mutirão do emprego, promovido pelo Sindicato dos Comerciários e pela UGT (União Geral dos Trabalhadores) em parceria com a Prefeitura de SP.
O número é quase três vezes maior que o do segundo feirão, em agosto do ano passado, quando 5.500 candidatos buscavam uma das 4.000 vagas oferecidas. A fila reflete a alta do desemprego no país.
Segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua, no trimestre terminado em janeiro de 2019, a taxa ficou em 12%, o que representa um total de 12,7 milhões de pessoas sem vaga.
No trimestre anterior (agosto, setembro e outubro de 2018), eram 12,4 milhões de desempregados. Ontem, 1.500 pessoas foram atendidas. O restante pegou senha. Ao todo, foram distribuídas 10,2 mil senhas. O atendimento irá até 4 de abril.
Por dia, 1.200 vão fazer ficha para uma vaga. A fila começou a ser formada na manhã de segunda-feira. O cozinheiro Bruno Coutinho Dias, 42 anos, foi o primeiro a chegar na segunda, às 9h. Há quatro meses, resolveu deixar Vitória (ES) para procurar emprego na capital paulista.
Morador do Cambuci (região central), Dias vive de bicos e ontem conseguiu uma vaga. “Apesar de a crise estar no Brasil inteiro, ainda é mais fácil conseguir um bom emprego em São Paulo”, avalia ele. O emprego não foi conquistado por meio do mutirão, mas estar no local certo na hora certa foi o que lhe garantiu uma nova colocação.
Ontem, a distribuição de senhas começou por volta das 8h30. Cada candidato ganhou um lanche, fez a triagem inicial e, após avaliação de currículo e entrevista, foi direcionado a uma das empresas.
Oportunidades
As oportunidades oferecidas no feirão foram para diversas áreas, entre elas auxiliar, mecânico de manutenção, confeiteiro, telemarketing, operador de caixa, atendente, vendedor de loja, empacotador e balconista, entre outras. O Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, disponibilizou 1.500 postos.
Recrutador conseguiu se recolocar em feirão
Selecionador da empresa LC Restaurantes, Vanderson Camargo, 43 anos, irá recrutar 200 pessoas a partir dos 18 anos. Contratado há seis anos, ele conseguiu uma vaga como ajudante em um feirão promovido pelo então CST (Centro de Solidariedade ao Trabalhador), que não funciona mais. Camargo vai selecionar trabalhadores para os cargos de ajudante de cozinha, cozinheiro e cozinheiro líder. O início é imediato. A LC tem 400 unidades no Brasil, sendo 60% em SP.A empresa oferece assistência médica e odontológica, cesta básica, vales transporte e refeição, e salário inicial de R$ 1.256. Ontem, 16 pessoas preencheram a ficha para tentar uma vaga no local. Thaís Rodrigues, 23, de Suzano (Grande SP), foi uma das contempladas. Ela chegou ao mutirão do emprego às 4h30 e saiu dez horas depois, empregada.
Empresas oferecerão mais oportunidades
O número de vagas ofertadas no feirão do emprego deverá subir nos próximos dias, segundo informações de Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários e da UGT. “A seleção é feita por 26 empresas. No total, o sindicato tem convênio com cem empresas, mas outras já contataram o sindicato e manifestaram o desejo de ofertar vagas. Então, haverá um rodízio entre elas.”Além de um emprego, o candidato pode sair com a chance de se qualificar gratuitamente em uma das 1.300 vagas destinadas aos cursos de qualificação oferecidos pelo Senai e pelo governo estadual em parceria com o sindicato. “Em 2018, a UGT organizou dois mutirões com 10 mil oportunidades. Destas, 6.000 foram ocupadas. Detectamos que a ausência de capacitação e qualificação foram decisivas para a não contratação”, diz.
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