A disparada no preço da carne bovina já é refletida na inflação de outras fontes de proteína, como o frango, indicam dados do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal) medido pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Na capital paulista, a inflação do frango inteiro fechou novembro com alta de 1,34%. Na medição divulgada uma semana antes, a alta acumulada em um mês era de 0,78%. Ou seja, o aumento mensal acumulado no valor do produto quase dobrou entre as pesquisas realizadas no intervalo de uma semana.
A alta no preço indica que a população optou por aumentar o consumo de frango para substituir a carne bovina, cujo preço mensal acumulado em São Paulo subiu de 5,92% para 11,22% entre a penúltima e a última semana de novembro, afirma o coordenador do IPC do FGV Ibre, André Braz.
"O frango é o produto que tem a preferência do consumidor para a substituição da proteína bovina", diz Braz.
"Apesar de também estar sofrendo um processo de inflação, a ave é um alimento mais barato e isso permite às famílias atingir o seu objetivo principal, que é ter comida no prato, mantendo o equilíbrio do orçamento", comenta.
Além do aumento da procura no mercado interno, a demanda externa pelas aves produzidas no Brasil tem contribuído para a elevação dos preços -efeito semelhante ao observado na carne bovina.
A principal causa da demanda externa foi o extermínio de 40% do rebanho suíno na China devido à peste africana, o que levou o país a buscar outras proteínas.
A Apas (Associação Paulista de Supermercados) informou que ainda avalia o impacto da alta da carne em outros alimentos.
O Ministério da Agricultura afirma que o preço da carne vai baixar e se estabilizar, mas provavelmente não chegará aos patamares verificados antes da alta. A pasta diz que não haverá desabastecimento.
INFLAÇÃO DOS ALIMENTOS | CARNES EM ALTA
- Comer frango e ovos é uma alternativa para evitar a alta da carne
- Mas os preços desses alimentos também estão avançando rápido
Confira a variação
- O dados do IPC-S da FGV mostram, a cada semana, quanto os produtos subiram em um intervalo de quatro semanas (quadrissemanas)
- A comparação entre a terceira e a quarta quadrissemana de novembro indicam disparada de alguns preços em apenas uma semana:
Em novembro | Neste ano | ||
(3ª quadrissemana) | (4ª quadrissemana) | (janeiro a novembro) | |
Carne bovina | 5,92% | 11,22 % | 15,57 % |
Frango inteiro | 0,78 % | 1,34 % | 4,19 % |
Carne suína | 1,79 % | 3,8 % | 10,21 % |
Ovos | 1,42 % | 1,08 % | 9,96 % |
CORTES BOVINOS
Entre os cortes bovinos, alguns apresentam maior elevação no preço neste ano:
Cortes | Variação em novembro |
Contrafilé | 13,58% |
Alcatra | 13,22% |
Coxão mole | 11,92 % |
Patinho | 10,36 % |
Costela | 10,19 % |
Acem | 10,04 % |
Filé mignon | 9,37 % |
Por que ficou mais caro
Influência externa
- A China teve 40% do seu rebanho suíno exterminado pela peste africana
- O país passou a importar mais carne bovina, especialmente do Brasil
- Segundo a Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), pelo menos outros cinco países estão comprando mais carne brasileira: Rússia, Emirados Árabes, Turquia, Filipinas e Uruguai
Influência interna
- O rebanho brasileiro não cresceu em 2019 como nos anos anteriores e novembro é um período de menor oferta de gado
- O dólar aumentou, deixando o preço da carne mais atrativo para os países que compram na moeda norte-americana e mais caro para o mercado brasileiro
- As festas de final de ano elevam o consumo de carne, o que encarece o produto
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