A falta de controle com gastos supérfluos, como tomar um sorvete no shopping ou ir ao cinema, pode colocar o consumidor na lista de inadimplentes. Planejar o mês, sabendo os rendimentos e gastos, é essencial para não se enrolar com os credores.
Quase metade dos brasileiros (48%), no entanto, não se organiza financeiramente. É o que mostra um levantamento feito pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) Brasil.
“O gasto invisível ajuda a colocar o consumidor na lista de negativados porque ele vai gastando pequenas quantias sem perceber e ao fim do mês já está com toda a renda comprometida sem saber onde exatamente”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil Marcela Kawauti.
O estudo indica que 52% dos entrevistados tentam se planejar, mas somente um terço (33%) registra a expectativa de receitas e despesas do mês. A maior parte (39%) anota os gastos na medida em que vão acontecendo e 27% só registram quando o mês acaba.
Kawauti diz que criar “cotas” que não estejam relacionadas a gastos com itens de supermercado ou moradia, consideradas essenciais, pode ser uma solução para os desorganizados.
“É mais interessante anotar todos os tipos de gasto, do café ao estacionamento, para já saber como redirecionar o orçamento caso isso seja necessário. Se a pessoa não conseguir, dá para estipular um valor máximo para gastar com os supérfluos”, afirma.
A pesquisa feita com 813 consumidores de 27 capitais do país revela também que 61% dos entrevistados sentem alguma dificuldade para controlar o orçamento doméstico, sendo que ter uma renda variável é apontada como principal motivo. Falta de disciplina aparece na sequência.
O planejador financeiro e sócio da consultoria Par Mais Jailon Giacomelli considera importante ter um fundo de emergências para evitar dívidas, sobretudo para profissionais autônomos com rendimentos que oscilam mês a mês. “É bem fácil calcular este fundo: pegue o que você gasta por mês com despesas e multiplique por três ou seis, que é o número de meses do seu custo”, explica. Quando for necessário gastar uma quantia poupada, afirma, o adequado é repor assim que possível.
A pesquisa diz que 91% das pessoas mudaram a forma de administrar os gastos depois de ter o nome sujo, sendo que 39,1% declararam ter aumentado o controle sobre as finanças. "Todo mundo precisa de um motivador para se organizar. E não tem motivador melhor do que dormir bem, sem dívidas", afirma Giacomelli.
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