Os servidores da Secretaria Municipal da Fazenda da Prefeitura de São Paulo temem ser contaminados pelo coronavírus. O motivo é que, segundo eles, a pasta teve um caso confirmado de covid-19, mas as devidas medidas de proteção aos profissionais não teriam sido tomadas.
Segundo relatos dos funcionários, o profissional com coronavírus foi afastado por pneumonia, no dia 6 de março. Ele faz parte do alto escalão e, na quinta-feira (19), o resultado do exame para covid-19 foi positivo.
No entanto, de acordo com a Amaasp (Associação Municipal dos Assistentes de Gestão de Políticas Públicas e Agentes de Apoio de SP), após a internação, a rotina na pasta continuou a mesma, com isolamento apenas da chefia.
A associação reclama que os funcionários de níveis básico e médio tiveram que trabalhar normalmente, até a última segunda-feira (16), e parte deles só foi dispensada após a publicação do decreto 59.283, do prefeito Bruno Covas (PSDB), que declarou situação de emergência no município de São Paulo.
"Está havendo descaso com os servidores", diz Denis Dantas, presidente da associação.
Dentre outras providências, o decreto determinou que funcionários públicos com mais de 60 anos e que tenham doenças como hipertensão e diabetes, além de serem imunodepressivos, devem fazer home office. A medida não vale para os mais novos.
Com isso, dos cerca de 500 funcionários da pasta, aproximadamente 200 seguem trabalhando normalmente, pois têm menos de 60 anos e não fazem parte de nenhum outro grupo de risco do novo coronavírus.
Para tentar evitar contágio, uma limpeza rigorosa teria sido realizada no dia 18 de março, mas a Vigilância Sanitária ainda não teria ido ao local. O temor dos funcionários é que muitos tenham contraído a doença e possam estar infectando seus familiares, já que, em muitos casos, a covid-19 é assintomática.
Descontentamento
Além de temerem o avanço do coronavírus entre seus familiares, os funcionários relatam que, mesmo nos casos de servidores gripados, não houve afastamento. Além disso, eles se queixam de que poderão ser obrigados a tirar férias, mas seguiram trabalhando em um ambiente possivelmente infectado.
Em nota, a Fazenda municipal afirmou que "desde quarta-feira (18/03), com a publicação do decreto 59.283/20, a Secretaria Municipal da Fazenda reduziu a escala de plantões de forma a diminuir o fluxo de pessoas sem prejuízo ao atendimento e ao funcionamento do serviço público".
Questionada pela reportagem do Agora sobre o caso de coronavírus, a pasta informou que a prefeitura "não divulga dados que possam invadir a privacidade dos pacientes".
Além disso, a secretaria esclarece sobre o trabalho dos estagiários, que, mesmo em home office, seguem atendendo à administração municipal, o que está sendo criticado pelo sindicato Amaasp (associação que representa os funcionários de níveis básico e médio).
"O decreto nº 59.283/20 prevê a dispensa do comparecimento presencial dos estagiários, mas não proíbe a possibilidade de teletrabalho. A Secretaria da Fazenda adotará o teletrabalho para os estagiários quando possível e mediante acompanhamento e prestação de orientações quanto ao aprendizado", diz nota enviada à reportagem.
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