Escolas privadas de SP querem volta imediata das aulas com apenas 20% de alunos

Governo do estado prevê retomada em setembro, com 35% de presença; estabelecimentos dizem que já atendem protocolos de higiene

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São Paulo

Representantes das escolas privadas de São Paulo pedem a volta imediata das aulas presenciais na rede e criticam a demora na retomada gradual, prevista apenas para 8 de setembro no estado e anunciada nesta quarta-feira (24) pelo governador João Doria (PSDB).

O Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo) divulgou carta aberta em que defende que as escolas particulares já estão prontas para adotar todos os procedimentos de segurança, higiene e saúde, embora com percentual de 20% de alunos em sala de aula —a administração estadual prevê a retomada com 35% de presença física dos estudantes.

"A escola particular já vem se preparando desde o início da pandemia e tem o seu protocolo devidamente discutido e elaborado por especialistas e médicos, com certificação de equipamentos, o qual segue estritamente todas as normas e regras oriundas da OMS [Organização Mundial da Saúde] e autoridades da saúde e da educação," diz o documento, assinado pelo presidente da entidade, Benjamin Ribeiro da Silva.

O sindicato diz que recebeu com "estranheza" a data marcada pelo governo estadual, com mais de 70 dias de antecedência, e afirma que as escolas privadas devem ter calendário diferente do das escolas públicas.

"A escola privada não pode ser culpabilizada e nem ser refém do demorado tempo das redes públicas, que ainda não estão preparadas para promover a volta dos seus alunos. Nem por isso deixamos de ter competência e capacidade para que sejam tomadas todas as providências necessárias para uma volta segura, mas não ao custo de sermos obrigados a ficar atrelados ao ensino básico estatal", finaliza a carta.

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo diz "lamentar" as colocações do Sieeesp e afirma que o parecer da entidade sobre a demora na retomada das aulas tem motivação exclusivamente econômica.

"A crítica sobre a data de retorno prevista, anunciada para 8 de setembro, está pautada apenas em interesses próprios e econômicos, enquanto o governo de São Paulo planeja este retorno pautado em medidas de contenção da epidemia, atendendo aos interesses da população e sem colocar nenhuma vida em risco", diz a pasta, em nota.

Professores estaduais ameaçam greve

Os professores da rede estadual de São Paulo ameaçam entrar em greve contra a volta gradual das aulas nas escolas públicas.

A proposta prevê que as aulas presenciais devem retornar, com rodízio entre os alunos, em 8 de setembro, apenas se todo o estado se mantiver por 28 dias (quatro semanas) na fase amarela, que é a terceira do plano de reabertura da economia paulista.

Representantes dos professores dizem, no entanto, que os docentes receberam a notícia com preocupação, numa decisão que avaliam como "prematura" e "incerta", o que pode levar à paralisação da categoria.

"Nossas escolas não estão preparadas para isso. Caso o governo insista na volta às aulas presenciais em plena pandemia, colocando em risco a vida de professores, estudantes, funcionários e famílias, o sindicato debaterá a greve com a base da categoria", disse a presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de SP), a deputada Professora Bebel (PT).

"Acreditamos que não era o momento ainda de se anunciar, porque não se sabe como estará a situação até setembro. Muitos professores já anteciparam que não irão voltar às escolas caso não haja mais certeza sobre a segurança contra a transmissão do vírus", diz Silvio dos Santos Martins, 2º vice-presidente do CPP (Centro do Professorado Paulista). "Sem clareza, não dá para marcar data com antecipação para o retorno."

O plano de volta às aulas prevê ainda que haverá uma combinação de aulas presenciais e a distância. Desde abril, o governo do estado tem feito aulas remotas para os estudantes da rede estadual —parte dessas atividades continuará sendo feita com o uso de tecnologia no segundo semestre.

"A criança e o adolescente não são do grupo de risco, de maneira geral. Mas o aluno volta para casa e pode ter contato com membros da família que são. Sem falar que muitos dos professores e diretores são, eles mesmos, do grupo de risco. As pessoas estão com medo", diz o vice-presidente do CPP.

A entidade afirma que vai se reunir e estudar o que pode ser feito contra a decisão do estado, da maneira que está sendo apresentada.

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