Trabalhadores dos Correios mantêm greve após derrota no STF

Supremo formou maioria para tornar acordo válido até este ano, mas categoria questiona retirada de direitos

Arthur Stabile
São Paulo

Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) formaram maioria nesta sexta-feira (21) para manter o acordo trabalhista entre os Correios e seus funcionários válido somente por um ano.

Mesmo com a derrota, os trabalhadores decidiram manter a greve da categoria, que começou na última terça-feira (18). Em sessão virtual, o ministro relator Dias Toffoli votou a favor da liminar concedida aos Correios no ano passado. Oito ministros acompanharam o voto, garantindo a vitória da estatal.

Trabalhadores dos Correios fazem protesto no estacionamento do Pacaembu, na última quarta-feira (19), antes de carreata da categoria - Sintect-SP/Divulgação

Em 2019, após campanha salarial e greve, os trabalhadores e os Correios fecharam, por meio de acordo no TST (Tribunal Superior do Trabalho), a convenção coletiva da categoria, válida por dois anos.

No entanto, a estatal discordou da decisão e foi ao Supremo, que concedeu liminar, limitando os efeitos da convenção por apenas um ano. Com isso, a validade acabou em julho.

Segundo Douglas Melo, diretor da Findect (Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios) e do Sintect (sindicato dos funcionários dos Correios em SP), os funcionários seguirão de braços cruzados.

“Infelizmente, o Supremo manteve a liminar do Dias Toffoli que reduziu a vigência de nosso acordo. Porém, vamos manter a greve e orientar pela ampliação dela”, afirma.

O movimento dos trabalhadores é contra a retirada de 70 dos 79 itens do acordo coletivo. Entre os direitos estariam adicional por risco durante a pandemia e licença-maternidade de 180 dias, entre outros.

Em nota, os Correios afirmam que os benefícios dos trabalhadores custariam R$ 1 bilhão à estatal. Além disso, dizem que não há retirada de direitos, mas adequação de termos que “extrapolavam a CLT e outras legislações”.

Segundo o órgão, todos os 99 mil funcionários estão em rotina normal de trabalho, enquanto a federação aponta para paralisação de 70% dos cerca de 70 mil funcionários da área operacional.

Para minimizar os efeitos da paralisação, neste sábado (22) e domingo (23) haverá mutirão de entregas. Segundo a estatal, a intenção é entregar quatro vezes mais do que a rotina em finais de semana.

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