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Confira itens que mais pesaram no bolso do brasileiro em 2020

Alimentos reuniram as maiores altas e puxaram a inflação oficial, que encerrou o ano em 4,52%

São Paulo

Os itens básicos da mesa do brasileiro ficaram mais caros em 2020.

Num cenário de inflação que teve a maior alta desde 2016 e encerrou o ano em 4,52%, os alimentos foram os vilões: tiveram aumento de 14,09% no acumulado dos 12 meses.

A alta, que decorre, principalmente, dos efeitos da pandemia de Covid-19 (com o aumento da demanda por esses itens), também é explicada por outros fatores.

Entre eles, a valorização do dólar frente ao real e o aquecimento da demanda internacional, com o consequente aumento das exportações e o aumento dos preços no mercado interno.

O movimento não passou despercebido pela professora aposentada Elisabete Fagundes, 68 anos, que sentiu no bolso —e no prato— o peso da alta nos preços dos alimentos.

“Senti que tudo ficou mais caro, e principalmente dos dois últimos meses do ano para cá. Você vai na feira e os preços dos legumes realmente estão mais altos. Veja, um brócolis custando R$ 8, um abacate R$ 10, a batata, o tomate, tudo está mais caro”, queixa-se.

“O mesmo dinheiro que você levava até pouco tempo atrás, agora não dá para comprar quase nada.”

No caso da batata e do tomate, os itens estão entre as maiores variações de 2020 no grupo de alimentação, em relação a 2019: 67,27% e 52,76%, respectivamente. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística).

A professora Elisabete Fagundes, 68, em feira na região da Bela Vista (região central): “Os legumes, principalmente o tomate e a batata, estão mais caros” - Rivaldo Gomes/Folhapress

​Alta da cesta básica

O valor da cesta básica, que reúne alimentos básicos necessários para as refeições de uma pessoa adulta, teve alta em todas as capitais brasileiras em 2020, mostra pesquisa anual do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos).

O conjunto inclui itens como carne, arroz, feijão, leite, legumes e açúcar.

Em dezembro, a cesta mais cara foi a da cidade de São Paulo: R$ 631,46, com alta de 0,36% na comparação com novembro. No ano, o preço acumulado na capital paulista subiu 24,67%.

A professora Elisabete Fagundes diz que, como além da sua aposentadoria, a única renda da casa vem do marido, que ainda trabalha, a palavra de ordem é economia.

“Tento pesquisar e comprar o que estiver mais barato, mas nem sempre dá para comprar tudo o que a gente quer”, diz. “No caso da carne, por exemplo, a saída é substituir por ovo.”

Inflação é a maior em quatro anos | Alimentos lideram alta

  • O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) encerrou 2020 em 4,52%

  • O índice, que mede a inflação oficial do país, ficou acima do centro da meta para o ano, de 4%

  • Foi a maior alta desde 2016, quando a taxa registrou crescimento de 6,29%

Alimentação está mais cara

  • O grupo que mais pesou na inflação em 2020 foi o de alimentos e bebidas, cujos preços subiram 14,09% no acumulado do ano

  • A alta decorre, principalmente, dos efeitos da pandemia, que impulsionou a demanda por esses produtos, mas também há outros fatores: a alta do dólar, que encarece importações, e a disparada no preço de commodities no mercado internacional

Real desvalorizado

  • A alta dos preços dos alimentos foi fator de preocupação para o governo ao longo do ano passado

  • As exportações aumentaram devido ao real desvalorizado e à demanda internacional aquecida

  • Com isso, os preços no mercado interno subiram

  • O movimento fez com que o arroz, por exemplo, se transformasse no “vilão” do prato do brasileiro

  • Entre agosto e setembro, foram comuns cenas de limitação de compra por cliente em supermercados

  • No início de setembro, foi zerado até o fim de 2020 o imposto de importação para 400 mil toneladas de arroz, numa tentativa de conter a escassez do cereal

Sobe e desce

​*Variação (%)

O que mais subiu em 2020 O que mais caiu em 2020
Óleo de soja: 103,79% Passagem aérea: - 17,15%
Arroz: 76,1% Hospedagem: - 8,07%
Batata-inglesa: 67,27% Seguro de veículo: - 7,91%
Tomate: 52,76% Roupa feminina: - 4,09%
Leite: 26,93% Mobiliário: - 3,20%

Cesta básica aumentou em todas as capitais

  • Os preços do conjunto de alimentos básicos necessários para as refeições de uma pessoa adulta tiveram alta em todas as capitais

  • São avaliados itens como: carne, arroz, feijão, leite, legumes, frutas, açúcar

  • Em dezembro, a cesta mais cara foi a da cidade de São Paulo: R$ 631,46, com alta de 0,36% na comparação com novembro

  • No ano, o preço acumulado do conjunto de itens na capital paulista subiu 24,67%

  • Pesquisa é feita pelo Dieese

Mais da metade do salário mínimo é gasta em comida

  • O levantamento mostrou ainda que, em dezembro, o brasileiro comprometeu, na média, 56,57% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos da cesta básica

  • O salário mínimo líquido é o valor da remuneração do trabalhador já com o desconto feito à Previdência Social

Fontes: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e reportagem

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