De mãos dadas, mulheres e homens, sem distinção de idade, credo ou religião, e em defesa da inclusão social, da diversidade e das relações humanas com a natureza, participam das rodas de danças circulares espalhadas pelos parques da capital.
Todos os domingos têm rodas em áreas verdes e com horários diversos (veja abaixo). A atividade é gratuita. Basta chegar e se juntar aos grupos, que se posicionam em círculos. Seja criança ou idosa, a pessoa não precisa saber dançar nem conhecer os passos. Ou seja, as danças circulares abarcam todos.
“O erro é permitido, assim como ocorre na vida da gente e vale para reflexão”, diz a praticante Marinéa de Almeida Tallone, 62 anos, que trocou seus projetos arquitetônicos pela prática do movimento que nasceu com o coreógrafo polonês Bernhard Wosien, nos anos 1960.
Essa prática chegou aos parques, primeiramente, por iniciativa da sociedade civil e de forma aberta à população, segundo a fonoaudióloga e educadora ambiental Estela Gomes, 53, da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, sob gestão de Bruno Covas (PSDB).
“Como política pública e de cultura de paz é mais recente, inclusive na prefeitura”, afirma Estela, que atua há 23 anos na área e ministra os cursos de formação de danças circulares na Umapaz (Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz), no parque Ibirapuera (zona sul). Nesse universo, Estela atua como focalizadora das danças circulares. O nome técnico que se dá a pessoa que conduz o grupo.
“Não é só dançar, mas resgatar a cultura dos povos com conteúdo de meditação em movimento”, diz. É possível encontrar rodas em diferentes locais em um mesmo dia, desde parques, unidades de saúde, escolas, empresas e até mesmo penitenciárias.
O caçula dos inúmeros grupos de danças circulares fica no parque da Aclimação (zona sul). Tem apenas dez meses e foi batizado com o nome Dançando com Anjos. “Podemos dizer que temos hoje dez participantes regulares nas atividades de quintas-feiras no parque, embora o grupo seja dinâmico e sempre entra ou sai gente”, afirma a focalizadora Tarsila De Michile, 41 anos, que tem formação universitária em engenheira química.
Segundo a psicóloga bionergética e focalizadora Lucelia Jaconelli, 60, a aceitação tem sido “muito boa”. “As danças circulares vão além de uma simples dança de roda. Entre os benefícios, a pessoa reequilibra sua energia”, aponta. A roda mais antiga na capital, dos anos 1990, fica no parque da Água Branca (zona oeste).
As danças circulares fazem parte da lista das 29 PICs (Práticas Integrativas Complementares) do Ministério da Saúde. A atividade é utilizada como recurso terapêutico na prevenção de depressão e hipertensão. Psicóloga e focalizadora das danças circulares, Maria das Graças Souza Ganiko, 66 anos, de Ribeirão Pires (ABC), atua na rede básica de saúde de São Bernardo (ABC). “Os resultados são satisfatórios, principalmente nos idosos com doenças crônicas e restritos de atividades físicas.”
A assistente social Margareth Zampieri, 58 anos, também trabalha com a prática e é uma das focalizadoras do grupo Dançando com Anjos de São Paulo. “As danças circulares funcionam como instrumento terapêutico que promove o bem-estar e a empatia”, afirma.
Onde praticar
Parque Água Branca
No último domingo de cada mês, a partir das 10h, no espaço conhecido como bambuzal
Parque Trianon
Terceiro domingo de cada mês, das 10h às 12h
Parque Lina e Paula Raia
Terça-feira, às 9h
Parque do Ibirapuera
Às quartas, das 9h às 11h; e às quintas-feiras, das 15h às 17h. E também no primeiro domingo de cada mês, das 10h às 12h
Parque da Aclimação
Às quintas, das 9h às 11h
Parque Piqueri
Primeiro domingo do mês, das 9h às 11h30
Parque do Povo
Às terças, às 10h
Parque da Luz
Segundo domingo do mês, das 10h às 12h
Parque Raul Seixas
Às segundas, das 9h às 10h30
Parque Santo Dias
Às quartas, às 15h
Parque Severo Gomes
Segundo e quarto sábados do mês, às 10h
Parque Pinheirinho D’Água
Às quintas, das 8h às 9h
Parque do Trote/Vila Guilherme
Às segundas, às 9h30; às terças, às 14h, e às quartas, às 9h
Parque Linear Mongaguá
Às segundas, às 8h; terças, às 10h, e quartas, às 15h
Parque Linear Rio Verde
Às segundas, das 9h às 12h
Parque Jardim Felicidade
Às segundas, às 8h, e quintas, às 10h
Parque São Domingos
Às quintas, às 10h15
Parque Chácara Do Jockey
Primeiro domingo de cada mês, das 10h às 12h30
Parque Jardim da Luz
Segundo domingo do mês, às 9h
Parque Cordeiro Martin Luther King
No quarto sábado de cada mês, às 9h30
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