O pequeno Leandro Mauricio dos Santos Caner, 5 anos, morreu após ser atropelado, durante uma perseguição policial, por volta das 19h45 deste sábado (20) na região de Aricanduva (zona leste).
Ele havia acabado de sair da casa da avó, acompanhado da mãe, uma monitora de escola de 26 anos, que permanece internada em estado grave no hospital Santa Marcelina (zona leste).
Segundo uma testemunha, que falou em condição de anonimato, o carro da Polícia Militar acessou, em
alta velocidade, a rua Bela Vista do Sul. “Aí eles [policiais] perderam o controle do carro, atropelaram a moça e a criança. Em seguida, a viatura bateu contra um poste”, afirmou. Os PMs, da 1ª Cia. do 19º Batalhão, também se feriram no acidente. Um deles havia tido alta e o estado de saúde do outro não foi informado, até a conclusão desta reportagem.
Ambos os policiais relataram em depoimento que perseguiam a um Fiat Strada branco, usado por três suspeitos para fugir após assaltarem uma padaria, na rua Miguel Bastos Soares.
Até a conclusão desta reportagem, os bandidos não haviam sido identificados e nem presos.
Durante a perseguição, os bandidos entraram na rua Bela Vista do Sul, sendo seguidos pelos policiais. No
cruzamento da via com a rua Ricardo Gumbleton Daunt, a viatura perdeu o controle e atropelou mãe e filho.
Uma testemunha afirmou, em condição de anonimato, que a monitora de escola usou o próprio corpo como escudo para proteger o pequeno Leandro. “Mas a força do impacto jogou ela para longe”, relatou.
Contradições
A reportagem ouviu duas testemunhas do atropelamento. Porém, tanto o boletim de ocorrência, como a
SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirmam que “não foram encontradas testemunhas do acidente envolvendo os PMs e as duas vítimas”.
Uma das testemunhas acrescentou que, após o atropelamento, o socorro aos policiais “foi feito primeiro”.
“Não sei como funciona este tipo de coisa [ocorrência], mas primeiro, policiais que chegaram na rua foram ajudar os policiais feridos”, relatou ao Agora.
Menino cativante
O tio-avô de Leandro, um motorista de 53 anos, afirmou que o sobrinho “gostava de tudo”. “Ele era uma criança cativante. Filho único da minha sobrinha. Ele era a alegria da casa e de toda a família”, afirmou.
A criança era fã de super-heróis, como o incrível Hulk e o Homem-Aranha, personagem que ela havia pedido para ser tema de uma festa.
O tio das vítimas acrescentou que “não culpa os policiais” pelo acidente. Porém, cobra “mais transparência” para o caso. “Não culpo a polícia pelo acidente, já que não foi intencional. Mas, como acreditar em uma polícia que não assume os erros?”, questionou, se referindo ao fato da polícia e SSP
negarem que a viatura tenha atropelado mãe e filho.
PM diz que perdeu controle ao passar em vala
O policial que dirigia a viatura, 29 anos, afirmou em depoimento que durante a perseguição “houve um impacto contra uma vala”, fazendo-o “perder o controle da viatura”. Com o impacto, segundo boletim de ocorrência, o policial “perdeu os sentidos e só veio a saber do ocorrido [atropelamento] após ser medicado e liberado do hospital”.
O outro PM, 23, afirmou que durante a perseguição, os bandidos atiraram contra a viatura.
A Polícia Militar, sob a gestão João Doria (PSDB), diz que a criança foi a primeira a ser socorrida e que a mãe foi a segunda.
A PM diz que não há hierarquia para se prestar o socorro, “sendo analisados os sinais clínicos e a urgência”.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.