Moradores recebem água amarela e com cheiro de podre na torneira

Problema assusta quem vive em Diadema e em São Bernardo

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São Paulo

A água fornecida pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para os municípios de Diadema e São Bernardo do Campo (ABC) tem chegado às torneiras com a cor amarelada, em alguns casos até barrenta, mas principalmente com forte cheiro de podre.

O problema teria começado há, pelo menos, um mês. No entanto, teria se agravado nos últimos dias com relação ao odor da água. O número de reclamações também se multiplicou nas redes sociais e levou grupo de moradores a protestar ontem à tarde também no posto da Sabesp, que funciona dentro do Poupatempo em Diadema.

"Os copos ficaram com cheiro de ovo podre, assim que lavei com essa água no fim de semana", afirma a dona de casa Gislaine Silva Santos, 34 anos, moradora na Vila Nogueira, em Diadema, que administra um dos grupos de reclamação criados via WhatsApp.

No quinto mês de uma gestação de alto risco, Gislaine reclama que a qualidade da água não melhora nem quando o líquido é fervido. "Eu coloco álcool, mas o cheiro não desaparece, além da cor amarelada", diz. Ela foi obrigada a comprar água mineral para consumo e preparo da comida.

A mesma situação vive a técnica de enfermagem Naubiana Assis, 38, moradora do Condomínio Residencial Villa Victória, no centro de Diadema, que tem filtrado e fervido a água para dar banho na filha Luisa, 8 meses. "Só percebi a cor mais escura e o odor forte no domingo. O jeito foi sair pra comprar água mineral", diz.

No residencial onde Naubiana mora, são 70 apartamentos e uma população que reúne cerca de 300 pessoas, entre crianças e adultos. "As reclamações se multiplicaram nos últimos dias", afirma o síndico Roberto Rayu, 75, também morador e contador aposentado.

Em São Bernardo, a vigilante Simony Rivarolli, 34, residente no Jardim Calux, afirma que as roupas brancas saem amareladas, manchadas e com cheiro, depois de realizada a lavagem.

"Não dá para lavar roupa, principalmente as brancas. Nem com água sanitária resolve", reclama a massagista autônoma Patricia Dias, 43, que mora no bairro Alves Dias, em São Bernardo.

Comércio

A água amarelada e com forte odor coletada, tratada e distribuída pela Sabesp (Companhia de Abastecimento do Estado de São Paulo) em Diadema e São Bernardo (ABC) fez com que os comércios de água mineral aumentassem em até 50% as vendas.

Os galões de água mineral, com 20 litros, podem ser encontrados entre R$ 10 e R$ 20, dependendo da marca.

"Tem muita gente que liga para cotar o preço e acaba comprando", afirma a atendente Daiane Lucas Teixeira, 27 anos, de uma distribuidora no Jardim Canhema, em Diadema.

Resposta

A Sabesp (Companhia de Abastecimento do Estado de São Paulo), gestão João Doria (PSDB), diz, em nota, que, devido às chuvas ocorridas em março e abril e com inundações nos municípios do ABC, houve o extravasamento da represa do Rio Grande para a represa Billings. Tal situação não ocorria desde março de 2013, o que aumentou a velocidade do fluxo de água da represa do Rio Grande.

Segundo a companhia, isso provocou alteração brusca e substancial na característica da água do manancial utilizado para tratamento, principalmente a quantidade de ferro e manganês. "O nível de cor da água bruta atingiu valores inéditos na história do manancial". A previsão é que a questão esteja resolvida nos próximos dias.

A Sabesp afirma ainda que "não há risco de contaminação", mas recomenda "o descarte da água que estiver com cor até que a questão seja solucionada".

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