A síndrome de burnout, mais conhecida como esgotamento profissional, virou assunto nos últimos dias. Inicialmente, a OMS (Organização Mundial de Saúde) havia incluído na CID (Classificação Internacional de Doenças). Um dia depois, no entanto, voltou atrás e a reconheceu como "fenômeno ligado ao trabalho".
Independentemente de ser ou não uma condição médica, o problema existe e atinge profissionais de várias áreas, principalmente os ligados à saúde, educação e segurança pública. Bombeiros, agentes penitenciários e policiais correm risco maior de desenvolver o tipo de transtorno mental.
O esgotamento físico e mental intenso está diretamente associado à vida profissional, segundo os especialistas. Pressão por resultados, assédio moral, carga horária intensa e problemas com chefia integram o caldeirão de coisas encontradas nos ambientes insalubres de trabalho e que refletem na saúde do trabalhador.
Para Rodrigo Leite, coordenador dos ambulatórios do IPQ (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas, vinculado à Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), a síndrome de burnout é o desafio do século 21, inclusive com preocupação maior do profissional de saúde na avaliação das condições de trabalho do paciente.
"Há casos em que a situação de estresse é crônica e gera incapacidade total, a ponto de a pessoa mudar até de carreira", afirma. O psiquiatra testemunhou casos de professores que não conseguiam sequer passar em frente da escola.
O psicólogo Augusto Jimenez, da rede educacional Minds Idiomas, lembra que na década de 1990 prevaleciam os sintomas físicos, como tendinite, doença comum causada pela repetição dos movimentos. Hoje, as doenças no trabalho estão relacionadas à mente dos indivíduos.
"O sentimento de incapacidade é gerado a partir da cobrança de todos lados nos tempos atuais, aliada à tecnologia, seja no trabalho ou na vida", diz Jimenez, ao apontar os sintomas de fadiga, cansaço e insônia que contribuem para o desenvolvimento da síndrome.
- Faça atividades físicas regulares para aliviar a sua tensão cerebral
- Defina objetivos a curto prazo
- Execute atividades que fujam da rotina e não tenham a ver com sua carreira
- Converse com seu chefe para falar sobre quais são suas atribuições mensais
- Diminua o uso de tecnologia, pois utilização excessiva de smartphones e outros aparatos tecnológicos tem causado doenças e dependências
Medo de demissão inibe diagnóstico
Em 2018, pesquisa da ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil), indicou que 72% dos brasileiros sofrem sequelas, de leve até extremas, devido ao nível de estresse. Desse total, a síndrome de burnout atinge 32% dos pacientes.
Na prática, essas pessoas se sentem incapacitadas para trabalhar, mas se mantêm no emprego com receio de serem demitidas, segundo Ana Maria Rossi, psicóloga e coordenadora no Brasil da instituição.
Assim como outros problemas psíquicos, a síndrome de burnout precisa ser tratada por um psiquiatra e acompanhado por um psicólogo. Ambos estão aptos para fazer o diagnóstico, após a análise clínica do paciente. "A pessoa desenvolve a síndrome [de burnout] em locais insalubres de trabalho", reforça o psicólogo Augusto Jimenez.
Ele reforça que o diagnóstico da síndrome deve ser bastante criterioso, uma vez que os sintomas se confundem com os de depressão, crises de ansiedade e síndrome do pânico.
"No começo, ela parece ser algo "leve e temporário", porém em poucos dias pode agravar o quadro do funcionário com uma depressão profunda", diz Jimenez.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.