Acidentes com motociclistas aumentam 30% na região central de SP

Dados do Infosiga levam em conta centro expandido, de janeiro a outubro

São Paulo

Dados divulgados pelo portal Infosiga, do governo estadual, sob gestão de João Doria (PSDB), mostram que o número de acidentes fatais envolvendo motociclistas aumentou 29,7% no centro expandido da capital, entre janeiro e outubro de 2019, em comparação com o mesmo período no ano anterior.

Moto circula pela marginal Pinheiros (zona oeste de SP) - Rubens Cavallari/Folhapress

O crescimento contraria a tendência de redução no número de mortes de motociclistas na capital e estado. Nesses locais, o número de acidentes fatais diminuiu, respectivamente, em 17,8% e 3,9% neste ano.

Na marginal Pinheiros (zona oeste), sentido Castello Branco, por exemplo, após a limitação do acesso de motociclistas à pista expressa, as mortes caíram 86% entre janeiro e agosto.

Para a especialista em educação digital Cláudia de Moraes, o aumento de prestadores de serviço para aplicativos de entrega ajudou a aumentar a porcentagem de acidentes na região central.

Estudo realizado pela Younder, empresa onde Moraes é executiva, mostra que 55% dos motoristas de aplicativo trabalham só com moto e, destes, 54% dizem que entrega é a única atividade profissional que exercem. “Se formos mais longe, quase metade deles afirma que nunca recebeu treinamento específico.

Essa parcela da população está afundada no desemprego e, focada em aumentar a produção e o número de entregas, sofrem com maior acidentalidade”, diz.

O professor de engenharia da FEI Creso de Franco Peixoto diz que é necessário ter acesso ao número de feridos, não apenas ao número de mortos. “O aumento nos acidentes do centro de São Paulo tem variação considerável, mas os números brutos são muito pequenos em relação ao resto da cidade. Garanto que o número de feridos seria até 100 vezes maior”, diz.

Corredores

O secretário de Mobilidade e Transportes, Edson Caram, afirmou nesta sexta-feira (29) que a secretaria estuda instalar corredores exclusivos para motociclistas como forma de diminuir o número de acidentes.

Já houve uma tentativa de faixa exclusiva na capital em 2006, na avenida Sumaré, relembra o professor de engenharia e transportes da USP, Flávio Vaz de Almeida. No entanto, a ação aumentou o número de colisões e atropelamentos e, por isso, foi retirada em 2013.

Almeida explica que para implantar um corredor exclusivo para motos é necessário analisar com cautela a geografia da via. “Na época também não havia limite controle de velocidade rigoroso, então os carros estavam parados enquanto os motociclistas circulavam ao lado no limite dos 60 km/h”, afirma o especialista da USP.

Resposta

A prefeitura diz que executa o plano de segurança viária e que a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) faz blitze educativas.

Também afirma que o Infosiga é “mais uma contribuição para essa análise”, porém é necessário que a população “tenha consciência de que a mudança de comportamento e respeito às leis salvam vidas e reduzem acidentes”.

Já o governo estadual diz que as estatísticas do Infosiga apontam a necessidade de reforçar ações preventivas. (M

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