Corregedor da Polícia Militar de SP pede afastamento do cargo

Marcelino Fernandes, 54 anos, pediu seu afastamento; decisão foi publicada no Diário Oficial desta quinta (20)

São Paulo

O coronel Marcelino Fernandes, 54 anos, deixou a Corregedoria da Polícia Militar nesta quinta-feira (20). O próprio policial solicitou sua transferência para a reserva. O desligamento dele foi publicado no Diário Oficial do Estado. 

Fernandes disse ao Agora que em agosto ele seria desligado da corporação compulsoriamente. Por isso, decidiu antecipar a transferência para a reserva para se dedicar a projetos pessoais, entre eles ministrar aulas em uma faculdade.  

“Estou há 34 anos na PM, já passei quatro anos [dos 30 para poder se aposentar]. Deste total, fiquei 25 anos na Corregedoria”, disse.

Coronel Marcelino deixa a Corregedoria da PM, nesta quinta-feira (20), após 25 anos de trabalho no órgão - Eduardo Anizelli/ Folhapress

A Corregedoria é um órgão que fiscaliza e investiga desvios de conduta de policiais militares, em ações da PM ou fora de serviço. 

Questionado sobre o arquivamento do Inquérito Policial Militar em que 31 PMs eram investigados por erro de procedimento, em que nove jovens morreram durante a dispersão de um baile funk em Paraisópolis (zona sul da capital paulista), em 1º de dezembro do ano passado, o coronel se negou a falar. 

Segundo o policial, a investigação ainda está em andamento e comentar sobre ela “não seria ético.”

Com a saída de Marcelino Fernandes, a Corregedoria será temporariamente chefiada pelo tenente-coronel Roney Moreira da Silva, até que um novo corregedor seja escolhido pela PM.

Histórico na Corregedoria

Em seus mais de 20 anos como corregedor, o coronel destacou a mudança nas investigações feitas pelo órgão, por conta do avanço da tecnologia. “Antigamente, era muito difícil fazer provas para as investigações da Corregedoria. Atualmente, no entanto, a população contribui mais, registrando desvios de policiais com câmeras de celulares”, exemplificou. 

Coronel Marcelino destacou dois legados criados em sua gestão. Um deles foi a criação, em 2018, do Departamento PM Vítima, que investiga homicídios de policiais paralelamente às apurações da Polícia Civil. O outro foi a desativação da carceragem que ficava dentro do prédio da Corregedoria. 

“A carceragem que desativamos não atendia aos requisitos mínimos de padrões internacionais, como ter pé direito com mais de 2,7 metros, por exemplo. O local era mais insalubre do que um cárcere já é”, explicou. 

Entre casos emblemáticos em que trabalhou, o coronel destacou o da Favela Naval, em que nove policiais foram expulsos da corporação, após serem flagrados extorquindo pessoas na comunidade, em Diadema (ABC), em 1997.  

Outra ocorrência que marcou a gestão do policial uma operação em que 53 policiais foram presos, no ano passado, suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas. Deste total, segundo o coronel, 43 foram condenados.  

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