Um jovem de 19 anos foi levado para a delegacia após ser flagrado usando uma farda oficial da Polícia Militar, por volta das 6h deste domingo (16), na região do Jardim Helena, extremo da zona leste da capital paulista. Ele disse que usa o fardamento para andar de graça no transporte coletivo, segundo o boletim de ocorrência do caso.
Policiais militares passavam de viatura pela avenida Oliveira Freire, altura do número 300, quando avistaram o rapaz em um ponto de ônibus. O que chamou a atenção dos PMs foi que o jovem não estava armado. “Foi observado pela equipe que o mesmo [suspeito] não portava cinturão com armamento e colete balístico”, diz trecho de nota da PM enviada ao Agora.
Diante da suspeita, os policiais afirmaram em depoimento que ofereceram uma carona ao jovem. Dentro da viatura, os PMs de verdade começaram a fazer uma série de perguntas ao rapaz, como em que ano ele se formou policial na academia e há quanto tempo estava na corporação.
Segundo o boletim de ocorrência do caso, o jovem não soube responder aos questionamentos e, logo, revelou que não era policial e que usava a farda “para obter gratuidade no transporte público”. Após a confissão, o rapaz foi levado à delegacia.
No distrito policial, ele afirmou ter comprado o fardamento, mesmo não sendo policial, em uma loja na avenida Tiradentes, um conhecido ponto de venda de roupas policiais na região da Luz (centro).
Segundo o próprio site da loja, as peças são produtos controlados, de uso restrito. Para a compra, ainda segundo o comércio, “é necessário apresentação de documentação militar", além de "dados da unidade em que o policial trabalha".
O rapaz assinou um termo circunstanciado de falsa identidade e alegou, no final de seu depoimento, que também usa a farda da PM “por admirar a profissão”. A pena varia de três meses a um ano de detenção ou multa e ele vai responder em liberdade.
Em uma consulta em sites de venda desse tipo de equipamento, um fardamento como o usado pelo rapaz custa cerca de R$ 200.
A defesa do jovem não foi encontrada pela reportagem.
Polícia Militar e Corregedoria vão investigar
O tenente-coronel Emerson Massera, porta-voz da PM, afirmou que a corporação investiga se, de fato, o suspeito flagrado com uma farda da corporação comprou a roupa na loja em que afirma.
“Ele pode ter encontrado a farda em algum outro lugar. Pelas imagens, parece que o fardamento é mais antigo”, explicou.
Massera destacou, no entanto, que a maior preocupação da polícia foi com a integridade física do próprio rapaz. Ele poderia, segundo o tenente-coronel, se deparar com uma ocorrência policial real estando fardado, mas sem nenhum item de segurança, como colete à prova de balas e armamento. “Em um caso destes, ele poderia levar um tiro e morrer”, afirmou.
A PM vai analisar a procedência da farda usada pelo jovem para averiguar se outras pessoas o ajudaram a obter a vestimenta.
A Corregedoria da corporação foi acionada e também vai investigar o caso.
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