Telemedicina ganha relevância durante a crise do coronavírus

Serviço orienta pacientes e evita deslocamentos desnecessários

São Paulo

No último dia 16, o governo federal autorizou o uso da telemedicina, enquanto durar a crise do coronavírus. Para profissionais, isso pode contribuir com as medidas de distanciamento social sem que a pessoa interrompa uma assistência.

A telemedicina tem diversas modalidades relacionadas à saúde. Dentre elas há realização de consultas, triagem, monitoramentos e orientações a distância.

Para Marcelo Queiroga, cardiologista e presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), todos podem utilizar a teleconsulta. “Sobretudo quem está impedido de procurar um médico por conta do isolamento ou estar em área remota”, diz.

No entanto, o médico ressalta que o serviço não substitui a consulta presencial. Ele explica paciente pode receber orientações a distância, mas sintomas graves, como dor no peito, palpitação ou falta de ar, por exemplo, exigem atendimento em locais físicos.

“A telemedicina resolve casos de baixa complexidade”, explica Antonio Carlos Endrigo, médico e diretor de Tecnologia da Informação da APM (Associação Paulista de Medicina). Ele lembra que o serviço tem limitações como impossibilidade de exames físicos e diagnósticos.

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Equipe médica da sede do TelessaúdeRS, que fica localizada no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre - Marcos Nagelstein - 15.jun.18/Folhapress

Para Antonio, a telemedicina só deve ser utilizada quando já houve um contato presencial com o médico, isso pode evitar fraudes e possibilitar que o profissional conheça a situação do paciente.

As plataformas utilizadas devem ser seguras. Antes de utilizar o serviço, o paciente deve ler o termo de consentimento. Antonio afirma que o uso inadequado do serviço pode levar a exposição de informações pessoais e atendimentos indevidos.

Serviço já está disponível

Para Antonio Carlos Endrigo, um dos sinais de segurança do serviço é, justamente, conhecer quem o oferta. Algumas operadoras de planos de saúde, hospitais privados, plataformas e centros médicos já disponibilizaram o serviço de telemedicina.

Segundo o diretor de marketing da rede de centros médicos Dr. Consulta, Renato Pelissaro, a empresa já fez mais de 6 mil teleconsultas desde março e cobra entre R$ 45 e R$ 140 pelo serviço.

No caso das operadoras de planos de saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) afirma que não deve ser cobrado um valor adicional pelo serviço. Para ser atendido, a pessoa deve entrar em contato com a sua operadora.

A SBC também oferece o serviço. Segundo Marcelo Queiroga, o Tele Cardiologia visa aproximar médicos voluntários e pacientes gratuitamente. No momento, há 300 profissionais inscritos no programa.

O serviço deve ser aberto para os pacientes se cadastrarem após o primeiro grupo ser treinado. Devido a quantidade de profissionais disponíveis, quem poderá utilizar a plataforma será selecionado por uma triagem.

Como usar plataformas de telemedicina

O QUE É TELEMEDICINA

  • Usar tecnologias de comunicação, como internet, smartphone e computador, para prestar um serviço em saúde
  • Assim, em vez de falar com o profissional presencialmente, a pessoa o contata por uma tela

Modalidades

  • Teleinterconsulta: quando um médico com um paciente solicita auxílio de um profissional especialistA
  • Teleconsulta: quando a consulta é feita de forma remota entre médico e paciente. Serviço não substitui o presencial, é um complemento
  • Teleorientação: quando o paciente recebe uma orientação por telefone ou videoconferência do médico
  • Teletriagem: quando, a partir dos sintomas do paciente, o médico direciona para um determinado especialista ou serviço presencial
  • Telemonitoramento: quando pacientes com doenças crônicas em tratamento, como diabetes, passa o resultado de exames para o médico

QUANDO UTILIZAR

  • Em casos de baixa complexidade
  • Sintomas comuns
  • Busca por orientação prévia
    Por exemplo, quando uma criança acorda de madrugada com febre, o responsável pode utilizar a plataforma para conversar com médico sobre os sintomas. O profissional vai identificar se é um caso grave ou não. Caso seja grave, indica o atendimento presencial.

QUANDO NÃO É SUFICIENTE

  • Em casos de doenças graves
  • Mesmo que o paciente tenha recebido uma orientação prévia, o diagnóstico e tratamento de uma doença grave só será feito presencialmente
  • Na primeira consulta
  • Para chegar ao diagnóstico, o médico precisa fazer uma série de procedimentos. Conhecer a situação do paciente, seja nos sintomas relatados ou nos sinais em que o profissional percebe, é muito importante para o diagnóstico
  • Além disso, não é possível fazer exames que exigem toque do médico no paciente de forma remota

RISCOS

  • A telemedicina, utilizada inadequadamente, pode gerar fraudes como:
  • A exposição de dados sensíveis
  • Atendimentos inadequados
  • Contato com alguém que não seja realmente médico

TOME CUIDADO

Procure fontes conhecidas e plataformas seguras

  • Em caso de contato direto com o médico:
    Não use a telemedicina em um primeiro atendimento
    Não contate médicos desconhecidos
  • Caso haja mediação de entidades:
    Busque as plataformas que os hospitais ou operadoras disponibilizam
  • Leia sobre a plataforma que será utilizada:
    ​Plataformas devem ter um termo de consentimento
    Caso não tenha termo, desconfie do serviço
    Geralmente, eles são curtos e fáceis de entender
    Leia as informações para entender como funciona e quais são os limites da telemedicina

PRESTE ATENÇÃO NA ASSINATURA

  • As receitas médicas devem ter assinaturas
  • No caso do ambiente digital, ela não pode ser digitalizada e nem uma “foto colada”
  • A assinatura deve ser eletrônica
  • Isso também é um sinal sobre a preparação do médico e a plataforma utilizada

ONDE ENCONTRAR

  • Algumas operadoras de planos de saúde já oferecem o serviço
    Elas não podem cobrar um valor adicional por isso
    Consulte a sua operadora
  • Em grandes hospitais privados
    Entre em contato para saber como funciona
  • Independente de planos de saúde, em centros médicos
    A rede Dr. Consulta oferece consultas em mais de 20 especialidades médicas
    Os valores variam entre R$ 45 e R$ 140
    Os agendamentos são feitos via site, aplicativo ou telefone
  • Em plataformas gratuitas
    • TeleSUS
      Apesar de não ser uma consulta, a plataforma permite tirar dúvidas sobre o novo coronavírus pelo site
    • Telecardiologia
      Parceria da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) com a plataforma Conexa de telemedicina
      Serviço especializados em doenças cardíacas
      No momento, os médicos estão sendo cadastrados e treinados
      Mais informações no site

FONTES

  • Antonio Carlos Endrigo, médico e diretor de Tecnologia da Informação da APM (Associação Paulista de Medicina).
  • Marcelo Queiroga, cardiologista e presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)
  • Renato Pelissaro, diretor de marketing da rede de centros médicos Dr. Consulta
  • Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
  • Ministério da Saúde

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