Descrição de chapéu Coronavírus

Crianças voltam às aulas em SP com restrições e sem parquinho

Cerca de 3.500 escolas da rede municipal da capital paulista retomaram atividades presenciais nesta segunda-feira (15)

São Paulo

Após quase 11 meses longe da escola, os alunos da rede municipal de ensino da capital paulista voltaram às aulas nesta segunda-feira (15) com regras de distanciamento e poucos estudantes em sala.

Nem todos que fazem parte de um universo de 1 milhão de estudantes, porém, terão atividades presenciais por enquanto, já que 580, ou 14,5% das 4.000 unidades de ensino, estão de portas fechadas devido a problemas que envolvem falta de equipes de limpeza (530 delas) e obras (50). Nestes locais, as aulas só devem voltar no dia 22 deste mês. E naquelas que contam com parquinhos, as crianças não poderão brincar no intervalo devido às restrições da pandemia do novo coronavírus.

Aluna e professora em sala de aula na Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) São Paulo, na Vila Clementino; atividades presenciais foram retomadas nesta segunda (15) - Rivaldo Gomes/Folhapress

Nas escolas já abertas as crianças precisam seguir todos os protocolos. E, diferente do que faziam antes da pandemia, não poderão brincar no escorrega, balanço e gangorra, entre tantos outros brinquedos do parquinho, devido às restrições da pandemia do novo coronavírus.

“Nesse primeiro momento optamos por reforçar a higienização da parte interna, as salas de aula, refeitório. Vamos analisar no dia a dia a possibilidade de abrir”, disse o diretor da Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) São Paulo, Enéas Mesquita, 52 anos.

Para não deixar as crianças sem atividades externas, já que essa unidade é de período integral e, portanto, funciona das 8h às 16h, ele afirma que serão feitas atividades no gramado do parque, uso de brinquedos individuais e triciclos, que são de mais fácil higienização.

“Vamos mãe, vamos”, dizia o filho de 4 anos da diarista Carla Ferreira de Aquino, 39, enquanto ela falava com a reportagem do Agora na porta da Emei São Paulo, na Vila Clementino (zona sul), onde ele estuda.

Carla conta que mora na região de Itaquera (zona leste) e precisava levar o filho até a avenida Paulista, onde trabalha. “Ele estava muito ansioso. Se ele pode sair comigo, para pegar ônibus e metrô, se arriscar para sair comigo, por qual motivo não poderia vir à escola”, questiona.

O local foi o escolhido para a entrevista à imprensa do secretário municipal da Educação, Fernando Padula. Por enquanto, ele afirmou que as escolas manterão o limite de 35% de alunos em sala de aula, apesar de a capital estar classificada na fase amarela do Plano São Paulo e poder operar com até 70%.

Em relação às escolas com falta de equipes de limpeza, o secretário disse que os contratos emergenciais para as equipes foram assinados na sexta-feira (12). Ele não precisou, porém, se as escolas que estão fechadas poderão retornar antes do próximo dia 22. “Todas as escolas já sabem as datas que retornam. Os pais devem procurar as escolas que terão as datas”, afirmou.

A Emei São Paulo, onde estão matriculadas cerca de 148 crianças, poderia receber neste primeiro dia de aula 53 crianças. Entretanto, apenas 31 compareceram. Diferentemente das Emefs (escolas de ensino fundamental), as unidades que atendem a crianças de 0 a 6 anos não têm rodízio de estudantes, mas precisam respeitar o limite de 35% do total da capacidade.

Caso o interesse seja maior do que o total, deverão ser obedecidos alguns critérios, tais como as crianças de maior idade, irmãos matriculados na mesma unidade e aquelas em situação de vulnerabilidade. "Nós ainda vivemos um momento de incerteza. Talvez alguns pais ainda aguardem um pouco para mandar os alunos, mas temos o percentual de 66% que são favoráveis ao retorno”, afirmou o secretário municipal de educação.

“Já que a minha filha foi escolhida, achei importante já vir no primeiro dia. Além disso, ela nem dormiu direito para poder vir. Estava muito ansiosa e foi a primeira a acordar”, afirmou Emerson Ventura Barbosa, 30, sobre a volta da filha, de 5 anos, à escola.

Emerson, que atuava como sushiman antes do início da pandemia e está desempregado há quase um ano, poderá voltar a procurar emprego e reforçar o orçamento de casa. “Como a gente não tinha com quem deixar e minha mulher trabalhava, eu ficava com ela [filha]. No fim das contas, é bom para a saúde mental da criança e a nossa também”, disse.

Na praça em frente a Emei São Paulo, os pais aguardavam na fila antes do início das aulas. Na porta, entregavam as crianças —que tinham sua temperatura medida na testa– e assinavam uma espécie de lista de presença. Antes de entrar na sala, eles aguardavam em um banco de concreto que ganhou círculos azuis delimitando o espaço onde deveriam se sentar. Lá, esperavam até que uma professora os orientasse para levar as mãos em uma pia com água e sabão. Só depois disso é que poderiam entrar no corredor que dava acesso à sala de aula.

No meio do caminho, uma das crianças quis dar a mão para outra coleguinha, porém, foi advertida pela orientadora. “Eu sei que você gosta dela, mas ainda pode, tá?”. Resignada e meio sem jeito, a menina olhou para a frente na direção da coleguinha. De lá, foi orientada a entrar na sala, porém, antes, precisou esfregar os calçados em dois tapetes higienizantes. E lá foi sentar sozinha numa ampla carteira que antes era ocupada por outros três colegas.

O enfermeiro Jefferson Rodrigues dos Santos, 36, que atua na linha de frente da Covid-19, levou o filho de 5 anos para a escola. “De contaminação a gente tem receio o tempo inteiro, mas parece que o ambiente está seguro. É importante [levar o filho na escola] porque no ano passado deram poucas atividades on-line e acredito que isso traga um prejuízo nessa fase”, disse.

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